Produtor de Sarapuí, em São Paulo, acredita que perderá até 15% com a colheita de grãos ardidos e mofados
Juliana Camargo, de Sarapuí (SP)
As chuvas no interior de São Paulo estão prejudicando a janela de colheita da soja. Os agricultores aguardam o tempo seco para retomar os trabalhos de campo. Em Sarapuí, na região metropolitana de Sorocaba, há 160 quilômetros da capital São Paulo, a chuva intensa dos últimos dias e a alta umidade atrapalhou o desenvolvimento das plantas e das vagens. Mesmo nos cultivos de variedades diferentes.
Na propriedade que o técnico agrícola, Aníbal Peçanha Neto, administra em um mesmo talhão estão plantas com desenvolvimento completamente diferentes, alguns pés já secos e prontos para serem colhidos e ao lado outro ainda verde. “A ideia era plantar variedades diferentes, ciclos diferentes para não acumular trabalho na hora da colheita. Com este problema no clima, virá tudo junto”, ressalta Neto.
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Diariamente Neto monitora a lavoura para conferir a qualidade e o ponto de secagem da soja. O correto é os grãos serem colhidos depois de secarem nos pés. Trabalho que já deveria ter começado. Como não aconteceu, ao menor sinal de que o sol vai aparecer o técnico corre para o campo para aplicar o dessecante, que serve para acelerar o processo de secagem dos grãos. O problema é que os custos ficam mais elevados, e há perspectivas de que perdas acontecerão. “Calculo perdas de 10% a 15%. Entre grãos mofados e ardidos”, garante.
A situação se repete em outras lavouras do município, que somam 700 hectares de soja. A estimativa inicial era colher, em média, 66 sacas por hectare, mas com estes problemas gerados pelas chuvas, a produtividade pode ficar comprometida por causa da alta umidade dos grãos. “Além de ter mais gastos para controlar as doenças, o produtor terá também um aumento de custo para estocar estes grãos. Se guardarmos a soja com esta umidade elevada, teremos perdas com fungos”, explica Márcio José Esturaro, diretor municipal de agricultura, abastecimento e meio ambiente de Sarapuí.
