Excesso de umidade já afetava as lavouras do segundo maior estado produtor do país, mas, após os temporais em Londrina, safra paranaense deve ser ainda mais prejudicada
As fortes chuvas que afetaram o norte do Paraná nos últimos dias são mais um impacto na safra brasileira de soja. Municípios como Londrina, principal região produtora do estado, foi afetada. Ainda não foi possível medir as consequências dos temporais, mas a perda é certa.
Segundo o produtor rural e diretor do Sindicato Rural de Londrina, José Roberto Mortari, o acesso às propriedades foi muito afetado, já que muitas pontes foram danificadas e as entradas estão bloqueadas até o momento. Dos oito distritos que compõem Londrina, seis estão afetados pela água. O sojicultor Mylton Casaroli Junior também não conseguiu chegar até a fazenda, mas já projeta mais uma quebra de safra.
– Com o excesso de umidade na safra, a gente já estimava uma perda entre 15% e 20%, mas agora vai aumentar, com certeza. A qualidade do grão, a aplicação contra ferrugem vai ser afetada e a colheita começa daqui a 20 dias e não tem estrada para escoar – avalia.
A pesquisadora da Embrapa Soja, de Londrina, Divânia de Lima explica que, em situações de temporais como estes, a soja pode sofrer os seguintes problemas: perda de produtividade; a qualidade dos grãos é afetada; pode ocorrer morte de plantas por alagamento; outra consequência é o acamamento, que é quando a planta se “deita” e o desenvolvimento dos grãos é prejudicado.
– Ainda não é possível medir os estragos, mas o produtor que ainda não fez aplicação contra percevejo e ferrugem pode ter a lavoura afetada. Neste momento da safra, que é a fase de enchimento de grãos, essas são as principais preocupações. Tem problemas que podem aparecer na próxima safra, como o risco de erosão do solo e a compactação – alerta.
– [Os estragos] vão depender do estágio que a lavoura está. Depois que a chuva parar, o produtor vai precisar de uns dois dias para visitar a lavoura e voltar com os trabalhos, mas em caso de acamamento ou alagamento das plantas, a perda é irreversível. Nestes casos, o produtor deverá ter muito cuidado na colheita para conseguir colher as plantas deitadas, regular bem as máquinas – explica o consultor técnico do Soja Brasil, Áureo Lantmann.