
O preço das hortaliças deve ficar mais caro nos próximos dias por causa das fortes chuvas que atingem os principais cinturões verdes do Sudeste do país. Para se ter uma ideia, no interior de São Paulo, muitos produtores já perderam metade do que iria para o mercado e continuam contabilizando o prejuízo.
O produtor rural José Rodrigues Lares, de Biritiba Mirim (SP), teme que o prejuízo venha após a cidade enfrentar em uma semana o dobro da média esperada para o mês. Com uma aparente trégua na chuva, ele aproveitou para colocar um trator para remexer a terra na tentativa de secar mais rápido o que a chuva encharcou. “Tudo é custo. É um custo a mais que a gente tem para estar mexendo para, quando o sol venha, a gente consiga dar continuidade no que a gente faz”, disse.
Segundo o engenheiro agrônomo Júlio Toshio Nagase, o produtor foi pego desprevenido, já que o outono não é o período conhecido por este volume de chuvas e sim por ser uma época na qual as hortaliças conseguem maior desenvolvimento. Com essa mudança no clima, os produtores da região acumulam, em média, perdas de 30% a 50%.
“São vários tipos de bactéria, principalmente a ervinha que causa essa podridão e, consequentemente, pode aparecer também doenças fúngicas que vão depreciar ainda mais a qualidade da hortaliça”, disse Júlio.
Preços
O descarte das folhas estragadas refletiu rapidamente nas vendas. Para se ter uma ideia, nesse mesmo período do ano passado, o produtor José Lares mandava por dia para a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) de São José dos Campos 100 caixas com 20 pés de alface. Depois da chuvarada, essa média não passa de 60 caixas.
“Se tem menos hortaliça no mercado, o produto fica valorizado e o preço sobe. Na Ceagesp de São Paulo a caixa da alface crespa, que na semana passada era vendida a R$ 15,hoje sai a R$ 25”, relatou Flávio Godas, economista da Ceagesp..