Chuvas melhoram perspectiva para plantio da safra de soja na Argentina

Analistas estimam 20 milhões de hectares de área cultivada, o que deve render uma produção entre 53 milhões e 54 milhões de toneladasAs intensas chuvas que caem na Argentina desde a quinta, dia 31, dão alívio aos produtores de soja, que ainda não iniciaram o plantio da cultura na safra 2013/2014 por falta de umidade. Os analistas coincidem em afirmar que a soja deverá ter uma superfície cultivada de 20 milhões de hectares, o que renderia uma produção entre 53 milhões e 54 milhões de toneladas.

– Como notícia, esse volume é bom. Mas vai ter muita soja também no Brasil e nos Estados Unidos, o que indica uma queda no preço da oleaginosa – afirmou o analista Gustavo López, da consultoria Agritrend. A Argentina é o maior exportador mundial de óleo e farelo de soja. 
 
No relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, os técnicos estimaram uma superfície de 20,2 milhões de hectares com soja na safra 2013/2014, acima dos 19,7 milhões de hectares da safra anterior.

– Dependendo do volume, o acumulado de chuva poderia aliviar de forma homogênea a escassa umidade superficial apresentada em várias localidades, principalmente na área agrícola central – estimou a bolsa.
 
As regiões que, historicamente, primeiro começam a plantar a soja, como centro-norte de Santa Fe e norte de Entre Rios, não apresentavam até esta quinta a disponibilidade hídrica necessária para iniciar a semeadura, segundo destacou a bolsa. Até o momento, os agricultores plantaram apenas 4,6% da superfície projetada, com um avanço semanal de 2,2 pontos porcentuais. O ritmo representa 1 ponto porcentual mais acelerado do que o verificado na safra 2012/2013. O governo estima que a colheita de soja ficará acima de 50 milhões de ton.

Milho

As volumosas chuvas que caem na Argentina também chegam na hora justa para salvar o plantio do milho da safra 2013/2014. Em algumas áreas mais castigadas pela prolongada estiagem, porém, as precipitações chegaram tarde e a safra deverá ser menor do que a anterior.

– As chuvas são muito oportunas. Vamos cobrir a área de milho que pensávamos que teria de ser substituída pela soja, mas outras foram prejudicadas – afirmou o analista Gustavo López. Ele observou que a superfície cultivada com milho será significativamente menor do que a prevista inicialmente.

– Vamos ter uma área plantada com 3,64 milhões de hectares ante 4 milhões de hectares do ciclo anterior – comentou López.
 
A colheita com o cereal alcançaria 23 milhões de toneladas, bem abaixo das 26 milhões de ton de 2012/2013 e distante das projeções do Ministério de Agricultura, de 30 milhões de ton. No entanto, os números oficiais já deixaram de ser confiáveis há muitos anos, não só relacionados à inflação e ao PIB, mas também aos da agricultura. O milho começa a ser plantado na Argentina no fim de setembro até novembro. Há uma segunda etapa, chamada de plantio tardio, que se prolonga até dezembro.
 
Segundo relatório semanal da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até esta quinta os agricultores tinham semeado 34,8% da superfície projetada com milho. Um avanço semanal de 8 pontos porcentuais, mas um atraso de 5,2 pontos porcentuais em relação à safra passada. Os técnicos da bolsa ressaltaram que as chuvas chegaram tarde para muitas áreas, o que levará a um plantio tardia de milho ou migração para o cultivo da soja.

– A situação de atraso no plantio na zona núcleo de milho é de suma importância e de grande incerteza – informou a bolsa, cujas estimativas coincidem com as da Agritrend.

A Argentina é o terceiro maior exportador global de milho. Para o analista da Bolsa de Comércio de Rosario, Cristian Russo, a safra “está complicada” porque nas áreas em que o clima está mais seco, seria necessário volume de 800 mm de chuva, antes de dezembro. 

Agência Estado