Chuvas na Argentina: veja como isso influencia o mercado da soja

Analistas confirmam que a safra de nossos vizinhos terá uma quebra, mas o impacto sobre os preços ainda depende de outras variáveis, como o clima nos Estados Unidos.

Daniel Popov, de São Paulo
A safra de soja Argentina também está chegando a reta final, com 90% da área já colhida. As chuvas que atingiram o país nas ultimas semanas atrasou a colheita do restante, trouxe prejuízo agronômico e elevou a expectativa de alta dos preços do mercado. Mas, todos os analistas consultados disseram que as cotações dependem também do avanço da safra americana e que apontar uma tendência para os preços, neste momento, é atirar no escuro.

Segundo os dados oficiais do país e também de algumas consultorias a expectativa da Argentina é conseguir 57 milhões de toneladas, volume parecido com o ano passado. Para o sócio da consultoria Globaltecnos, de Buenos Aires, Sebastián Gavalda, o impacto das chuvas será pequeno na produção de seu país. “Algumas províncias realmente receberam muitas chuvas, como a província de Córdoba e a parte norte dos pampas. Nestes locais tinha soja para colher ainda. O impacto não foi grave, mas deve diminuir um pouco o volume final”, garantiu o analista que acredita em um impacto de no máximo 1 milhão de toneladas.

Este também foi o volume apontado pelo diretor de commodities Glauco Monte, da INTL FCStone que também tem escritório na Argentina. Em sua análise realizada ao Jornal Mercado & Companhia, apesar desta perda esperada, uma melhora nos preços depende também do andamento da safra americana, que nesta semana enfrentou fortes período de secas. “O foco segue na safra americana mesmo, que por conta do período mais seco acabou atraindo a atenção do mercado. Sem falar que se avaliarmos o relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) que apontou aumento de quase 1 milhão de toneladas de soja. O impacto da perda argentina é pequeno”, resume ele.

O sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, acredita que a euforia do mercado se dá em um momento que entre tantas notícias boas e preços ruins, uma notícia ruim poderia melhorar as cotações. “Os preços estão tão baixos que o mercado sempre fica na expectativa que qualquer problema ajude a melhorar a situação. Mas, tem muita coisa para acontecer nos Estados Unidos ainda. Até lá o mercado terá grande volatilidade”, explica ele.

Vendas estagnadas na Argentina

Assim como no Brasil, as vendas da oleaginosa na Argentina estão abaixo do ritmo normal devido aos preços pouco remuneradores. Segundo o analista do país, Gavalda, nossos vizinhos também estão preferindo vender outras culturas, como milho e trigo para abrir espaço de estocagem para a soja. “O preço pago é de no máximo R$ 48 por saca. Por isso as vendas travaram”, conta o sócio da Globaltecnos.

Nesta safra os produtores argentinos se comprometeram a vender para os exportadores 22 milhões de toneladas, mas entregaram apenas 12 milhões. No mesmo período do ano passado haviam comprometido 26 milhões e vendido 18,5 milhões.

Molinari acredita que esta lentidão traria oportunidade de vendas para o Brasil, se os produtores resolvessem vender. “O brasileiro também não está vendendo então quem vai aproveitar essa oportunidade? Se bobear teremos vendas de farelo e óleo abaixo de 16 milhões de toneladas este ano”, diz Molinari.

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