As cotações da soja foram pressionadas nos últimos dias. Tudo por causa da expectativa de uma safra maior do grão no Brasil e na Argentina. Números divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos mostram uma boa produtividade agrícola, o que contribui para a produção recorde de soja no Brasil, estimada em mais de 70 milhões de toneladas. Porém, a previsão não considerou o excesso de chuvas da última semana nos Estados do Centro-oeste.
? Nos últimos dias a gente está vendo uma situação mais crítica em algumas regiões pontuais, em especial em Mato Grosso do Sul. Também temos relatos de perdas de lavouras ou maior umidade no Mato Grosso. Alguns produtores estão colhendo soja com alto grau de umidade e estão tendo problemas na armazenagem, secagem e na limpeza dos grãos ? afirma analista de soja do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Lucílio Alves.
As chuvas dos 10 primeiros dias de março derrubaram as perspectivas dos produtores de Mato Grosso do Sul de recuperar as perdas dos últimos ciclos da soja. Já são seis anos de prejuízos por causa do clima. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado está realizando um levantamento, mas a estimativa inicial aponta média de 50% de quebra na safra da soja. Segundo a entidade, os prejuízos podem chegar a R$ 1,5 bilhão.
? Uma quebra no Mato Grosso do Sul deve até impactar nos preços regionalmente, mas não deve afetar os preços nos mercados nacional e internacional ? diz o analista de mercado da FC Stone, Glauco Monte.
De acordo com Lucílio Alves, do Cepea, a quebra em Mato Grosso do Sul pode chegar a 1,5 milhão de toneladas. Pode até parecer pouco se comparado à safra nacional, mas para ele, quem sai perdendo são os sojicultores.
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? As perdas vão ficar para aqueles produtores que não conseguiram efetuar os trabalhos de campo ou, até mesmo no sul do Rio Grande do Sul, que não conseguiram nem cultivar as lavouras de forma adequada.
Mesmo com este cenário, outros fatores ainda contribuem para os elevados preços do grão no mercado internacional.
? Um dos fatores é a situação de oferta e demanda nos Estados Unidos e um outro fator é o mercado financeiro mundial ? afirma Glauco Monte.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) informou que ainda está avaliando o impacto dessas perdas na indústria processadora de soja. A entidade se preocupa, no momento, com a qualidade do grão que vai ser colhido.
