Na avaliação do meteorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar, essas chuvas vão beneficiar a agricultura, estancando, mas não revertendo, perdas nas safras atingidas pelas altas temperaturas e baixa umidade.
No entanto, no caso dos reservatórios, as precipitações apenas serão suficientes para elevar um pouco o nível, sem afastar riscos de racionamento, de água ou energia hidrelétrica.
– Daqui por diante (sem os bloqueios de massas de ar quente), as frentes frias vão conseguir avançar com mais facilidade provocando chuvas mais regulares – afirma Santos.
Segundo ele, as áreas de café, cana-de-açúcar e grãos, importantes culturas de um dos maiores produtores globais de alimentos, serão beneficiadas por chuvas “bem regulares” no mês de fevereiro.
– E assim vai, e provavelmente o mês de março também será assim, com chuvas dentro da média… No mínimo, chuvas dentro da média, algumas localidades podem ter mais – reforça Santos.
Para o agrometeorologista, o céu somente está aberto atualmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e extremo sul de Mato Grosso do Sul, que em geral receberam mais chuvas no período seco das regiões Sudeste, central e Nordeste do país.
– Essas regiões ao sul podem ter um período um pouquinho mais seco agora, mas não teremos ausência de chuvas… – diz ele, explicando que antes toda umidade da Amazônia estava direcionada para o Sul, e, agora, com o fim do bloqueio atmosférico, essa umidade passou para a região central, como normalmente acontece no verão.
Produtores de soja, milho, cana e café já relataram perdas nas áreas mais afetadas pelo tempo seco do final do ano passado e início de janeiro. E as chuvas agora poderão recuperar somente algumas poucas lavouras.
– As perdas contabilizadas até agora já não voltam mais, se teve perda na soja, no milho, na cana, elas não se recuperam mais… Tivemos quase 2014 inteiro, e agora janeiro, com chuvas abaixo da média – observa Santos.
Reservatórios
Com o retorno da regularidade de chuvas típicas de verão, a tendência é que o nível dos reservatórios de água tenha somente uma ligeira recuperação ou que não caia mais.
Segundo ele, os volumes previstos não serão suficientes para elevar os mananciais ao ponto de o país chegar ao período de tempo mais seco, a partir de abril, com alguma folga.
– Para melhorar o sistema, precisaria chover pelo menos 20 dias direto – diz.
Como isso não deve ocorrer, “o máximo que pode acontecer são pequenas elevações do nível (dos reservatórios). O sistema Cantareira (que abastece a região metropolitana de São Paulo e outras cidades do interior) pode sair dos seus 5%, e ir para… vamos supor 10. Ainda é uma situação extremamente de risco”.
A mesma lógica vale para os reservatórios de hidrelétricas do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.