Segundo a Faeg, não só a área será maior, como há boas chances de a produtividade média surpreender. Já os custos podem atrapalhar caso os insumos não tenham sido comprados ainda
O vazio sanitário ainda não terminou em Goiás, acontecerá no dia 30 de setembro, mas as chuvas recentes que caíram no estado e ainda estão previstas para vir deixou os produtores otimistas para o início do plantio afirmou o consultor da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Pedro Arantes, em entrevista à Agência Safras. O otimismo trouxe a expectativa de um aumento na área de plantio que pode chegar a 3,5%.
Arantes ressalta que, nos últimos 10 anos, em apenas dois a área de soja não cresceu no estado de Goiás. “A perspectiva, com o bom cenário atual, é de que o estado possa ampliar a área no próximo ano entre 2,5% a 3,5% frente aos 3,387 milhões de hectares cultivados neste ano. Poderia haver um incremento entre 85 mil e 120 mil hectares”, estima. “A produtividade
média no estado deve girar ao redor de 3.400 quilos por hectare.”
No que diz respeito ao clima, a expectativa é de que com a possível ocorrência de El Niño a situação ficará mais favorável para as chuvas no estado de Goiás. “O produtor tem de respeitar o encerramento do vazio sanitário, em 30 de setembro, para poder iniciar o plantio. Como já tivemos algumas chuvas nos últimos dias, amenizando um pouco o cenário de seca, a perspectiva é positiva. Esperamos chuvas razoáveis para o cultivo e o desenvolvimento da oleaginosa”, conta.
Para o consultor, o produtor de soja está numa situação bastante confortável, por isso projeta elevar o cultivo da oleaginosa na próxima safra. Mais de 85% da soja colhida na temporada 2017/2018 já foi negociada e as vendas futuras da próxima safra se mostram um pouco mais lentas do que o habitual.
“Neste período que antecede o cultivo, normalmente as vendas antecipadas tem girado entre 40% e 45%. Em 2018 o movimento de negócios está mais lento, girando apenas entre 25% a 30%, uma vez que há uma grande incerteza no mercado com relação a questão dos fretes e com o câmbio para o próximo ano”, diz Arantes.
Insumos bem mais caros
Com relação à entrega de insumos, Arantes conta que os produtores que não fizeram compras antecipadas para a próxima safra estão encontrando maiores dificuldades para o recebimento dos produtos, por conta do custo mais elevado dos fretes, a partir da tabela mínima estabelecida pelo governo, combinada da valorização do dólar frente ao real.
“Apenas para ter uma ideia, desde janeiro até agora o preço dos fertilizantes teve um incremento de 34% e o dos químicos 11%”, destaca.
Ele ainda admite que esse cenário de incerteza traz uma certa apreensão, pois o produtor está contratando uma safra com um custo alto, sem ter a certeza de quanto receberá no momento da venda, por conta do fator cambial.
“O dólar pode seguir alto ou buscar uma acomodação, o que dependerá de quem vencerá a eleição. Se o dólar voltar a patamares de R$ 3,70, certamente o produtor terá de adotar uma boa estratégia de venda para não ficar no vermelho no próximo ano”, alerta.