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AGRO EM PERIGO

Ciência mapeia regiões com risco de desenvolvimento de novas pragas agrícolas

Embrapa mapeou as regiões e épocas em que as pragas encontrariam condições climáticas favoráveis e hospedeiros adequados

Ciência mapeia regiões com risco de desenvolvimento de novas pragas agrícolas
Foto: Federico Figueroa Cabezas

Uma pesquisa recente realizada pela Embrapa identificou as regiões e polos produtores brasileiros mais propensos ao desenvolvimento de três insetos-praga quarentenários ausentes: a Anastrepha curvicauda, a Bactrocera dorsalis e a Lobesia botrana. Essas pragas, que ainda não chegaram ao Brasil, são conhecidas por causar grandes prejuízos à fruticultura em outros países. Se forem introduzidas, elas poderiam se tornar uma preocupação constante para os agricultores, atacando diversas culturas e impactando o comércio internacional.

O estudo mapeou as regiões e épocas do ano em que essas pragas encontrariam condições climáticas favoráveis e hospedeiros adequados no Brasil. Além disso, a pesquisa também identificou potenciais inseticidas e agentes de controle biológico que poderiam ser utilizados caso essas pragas sejam detectadas no país.

Pragas e os riscos identificados

A Bactrocera dorsalis, conhecida como mosca-das-frutas-oriental, poderia se desenvolver no Brasil entre julho e outubro, afetando culturas como abacate, banana, cacau, e café. A Embrapa identificou regiões nas áreas Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste como propícias ao desenvolvimento dessa praga. Em algumas áreas do Nordeste, o risco é contínuo ao longo do ano.

A Anastrepha curvicauda, mosca-das-frutas-do-mamão, preocupa especialmente devido à importância do mamão e da manga para a exportação brasileira. O zoneamento identificou 721 municípios vulneráveis em todas as regiões, com destaque para estados produtores dessas frutas.

Já a Lobesia botrana, conhecida como traça europeia dos cachos da videira, representa uma ameaça à viticultura e outras culturas frutíferas no Brasil. A praga tem condições favoráveis para se desenvolver durante todos os meses do ano nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste e em diversos meses no Nordeste e Sul.

Estratégias de controle e preparação antecipada

De acordo com o analista Rafael Mingoti, da Embrapa Territorial (SP), a equipe utilizou métodos avançados de zoneamento climático e algoritmos para identificar as regiões de risco no Brasil. Esses métodos consideram dados históricos de clima e a presença de plantas hospedeiras para mapear áreas de risco. Quando dados laboratoriais específicos não estão disponíveis, são utilizados algoritmos para comparar dados ambientais de regiões afetadas no exterior com condições semelhantes no Brasil.

Em se tratando de pragas quarentenárias ausentes, ainda não existem produtos registrados no Brasil para seu controle. A Embrapa realizou um levantamento internacional de agrotóxicos e agentes de controle biológico já utilizados contra essas pragas em outros países. Foram avaliados 41 princípios ativos para a Lobesia botrana, 8 para a Anastrepha curvicauda e 23 para a Bactrocera dorsalis.

Cooperação e sustentabilidade no combate às pragas

Os resultados da pesquisa foram compilados em relatórios para a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Esses relatórios irão subsidiar políticas públicas e regulamentações para o controle fitossanitário dessas pragas. Segundo José Victor Alves Costa, coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins do Mapa, a identificação de agrotóxicos e agentes de controle biológico é crucial para medidas emergenciais em caso de ingresso dessas pragas no território nacional.

A pesquisa contou com a colaboração de diversas unidades da Embrapa, incluindo Meio Ambiente, Amapá, Semiárido e Territorial, além de fiscais federais do Mapa. A antecipação e preparação para o possível surgimento dessas pragas demonstram o compromisso da Embrapa e do governo brasileiro com a sustentabilidade e a proteção da agropecuária nacional.

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