O raciocínio foi compartilhado pelo professor Ian Forbes, do Northumbria Photovoltaics Applications Centre da Universidade de Northumbria, no Reino Unido, com diversos especialistas em energias renováveis e mudanças climáticas presentes no segundo dia do Workshop on Physics and Chemistry of Climate Change and Entrepreneurship.
Em sua palestra durante o evento, realizado no final de fevereiro, Forbes abordou o potencial e os desafios para os próximos anos da pesquisa em energia solar fotovoltaica, que promove a conversão direta da luz do sol em eletricidade por meio da junção de semicondutores que absorvem a radiação.
O pesquisador destacou que o uso da energia fotovoltaica tem crescido rapidamente, impulsionado por diferentes mecanismos de suporte ao mercado, ainda que esse crescimento esteja muito abaixo do esperado. Apesar de a produção de energia elétrica em todo o mundo por meio de células fotovoltaicas ser de apenas 3 gigawatts em 2007, isso representou um aumento de 55% sobre a produção registrada no ano anterior
? Calcula-se que todos os continentes tenham a capacidade de suprir uma demanda de aproximadamente 18 terawatts de eletricidade, e o Brasil está incluído nessa estimativa, com uma capacidade de 200 a 250 watts por metro quadrado, um potencial extremamente elevado ? apontou.
No Brasil e em outros países da América do Sul, onde os níveis de incidência solar são maiores do que nos países da Europa, são grandes as oportunidades no setor, por isso, o especialista sugeriu que a capacitação tecnológica e industrial em território nacional comece a ser desenvolvida imediatamente para não perdê-las de vista.
? O Brasil tem o dobro dos níveis de insolação da Alemanha, país que abriga o maior mercado no mundo desse tipo de energia por produzir mais de 40% de sua eletricidade a partir de fontes fotovoltaicas. Mas os principais desafios que ainda devem ser vencidos são a redução de custo da energia fotovoltaica e o aumento da eficiência dos materiais, visando à sustentabilidade a longo praz ? disse Forbes.
Estratégia européia
A União Européia, que, segundo Forbes, abriga os países que mais dispensam esforços nessa área em termos de pesquisa e desenvolvimento, em um primeiro momento trabalhava com a meta de substituir 4% da eletricidade mundial pela energia fotovoltaica até 2030, mas agora os países do bloco econômico e político estão redefinindo essa previsão para atingir novas metas até 2020.
? Em congressos realizados na Europa, especialistas estimam que, até 2020, a energia solar fotovoltaica poderá suprir mais de 90% da demanda por electricidade no continente ? disse.
E uma demanda de pelo menos 12%, calcula, seria suprida de imediato com as tecnologias disponíveis atualmente, como os painéis para a captação de energia solar feitos com células de silício cristalino.