As eleições diretas para governantes e parlamentares é um direito muito recente no Brasil. A Constituição de 1988 é que estabeleceu que o alistamento eleitoral e o voto são atos obrigatórios para maiores de 18 anos, e facultativos para maiores de 70 e para jovens entre 16 e 18 anos.
? O voto é a expressão da cidadania. É uma frase aparentemente vazia, lugar comum que os políticos falam todos os dias. Mas no momento, é como você ser um acionista de uma empresa e ter seu voto para decidir o destino da sua empresa ? explica o cientista político Murillo de Aragão.
Para o também cientista político Luciano Dias, votar é sinônimo de participação popular:
? O voto é a primeira condição para você participar como autor crítico do processo político. Se você não vota, como é que você vai criticar o político corrupto? Se você não vota, como vai cobrar do governante? Se você não vota, como vai investigar, criticar legitimamente o uso do seu dinheiro?
Em meio a uma multidão de diferentes idéias, muitos cidadãos acham que um voto não tem o poder de mudar a situação do país. Mas se todos os brasileiros escolherem os candidatos de forma consciente, serão milhares de votos com o poder de constituir uma sociedade melhor.
Para Murillo de Aragão, o voto consciente exige um pouco de reflexão sobre os candidatos.
? Será que eu deixaria o meu dinheiro na mão do indivíduo que eu vou votar? Será que eu colocaria na mão dele o dinheiro que eu ganhei, suado, trabalhando, para que ele tomasse conta desse dinheiro, tomasse decisões com relação ao meu dinheiro? ? questiona.
Por isso, o professor de Direito Eleitoral Marcus Vinícius Coelho faz uma analogia sobre a importância de uma escolha bem feita.
? O eleitor deve votar como aquele cidadão que vai pedir a mão em casamento da esposa. Vai verificar a conduta da futura mulher, a família que ela participa, o meio em que ela vive, o projeto de vida que ela tem ? compara.
Com o candidato definido, o eleitor só precisa fazer a sua parte e ir às urnas no dia 5 de outubro. Apenas desta forma, é que será possível manifestar a vontade popular.
? Voto não tem preço, voto tem conseqüência. O exercício do voto é uma das manifestações mais legítimas da cidadania ? conclui Carlos Moura, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).