O presidente da Câmara Setorial de Citricultura, vinculada ao Ministério da Agricultura, Marco Antonio do Santos, explicou que a saída de produtores da citricultura vem crescendo nos últimos anos, seja por meio do arrendamento das áreas para as usinas de cana-de-açúcar ou parcerias com outros agricultores, que têm máquinas e equipamentos, para iniciar o cultivo de grãos. Ele diz que alguns estudos apontam perda de 80 mil hectares em São Paulo.
Mesmo com a retração de área, o fantasma do excesso de oferta continua assombrando a citricultura paulista. Apesar da perspectiva de colheita de 281 milhões de caixas de 40,8 quilos na safra 2013/2014, volume 83 milhões de caixas abaixo do colhido na safra passada, os preços da laranja seguem pressionados pelos altos estoques nas indústrias, parte atrelada ao financiamento concedido pelo governo ao setor há dois anos, para controlar a oferta.
Prorrogação
A questão do financiamento das indústrias foi um dos assuntos discutidos pelos citricultores pelo governo, que defendem a prorrogação por mais um ano tanto do pagamento do crédito, como da liberação dos estoques. Marco Antonio contesta a informação das indústrias de que 311 mil toneladas de suco estejam atreladas ao financiamento de estocagem. Ele diz que as informações do governo dão conta de que algumas indústrias liquidaram o financiamento e restam apenas 150 mil toneladas de suco dadas em garantia na tomada do crédito.
Os produtores também pediram ao governo a inclusão da laranja na política de preços mínimos (PGPM), para que o setor possa contar com os mecanismos de apoio à produção nos momentos de baixa rentabilidade. Eles reforçaram o pedido de continuidade dos leilões de Prêmio Equalizador pago ao Produtor (Pepro), instrumento que na safra 2012/2013 permitiu a concessão de subsídios na comercialização de 30 milhões de caixas de laranja, que foram vendidas às indústrias por R$ 10,10/caixa. O subsídio foi de R$ 4,50 por caixa e as operações custaram cofres públicos R$ 135 milhões.
Marco Antonio afirmou que está desde janeiro buscando entendimentos como governo para definir as medidas de apoio à citricultura. O principal interlocutor do setor era o ex-secretário executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz, que deixou o cargo logo após a posse do novo ministro Antônio Andrade. Agora, o assunto está sendo tratado na Secretaria de Política Agrícola. O presidente da câmara setorial disse o comportamento do mercado desta safra é uma incógnita, pois os preços podem reagir no segundo semestre, em função da redução da safra no Brasil e Estados Unidos.
– Tudo vai depender da demanda mundial – diz ele.