De acordo com Maurício Mendes, CEO da Informa Economics FNP, diferente de outras commodities, como soja e algodão, no spot, normalmente, o efeito não acontece rapidamente. O movimento de alta demora a ser percebido no campo pelo produtor de laranja, principalmente, para aquele que vende diretamente para a indústria, sem contrato.
– O spot não tem vetor direto com o preço da bolsa de Nova York. No entanto, os contratos de longo prazo com a indústria podem ser afetados por esse patamar mais alto que o suco se encontra – explica.
O presidente da Associação Brasileira de Citricutores, Renato Queiroz, afirma que a remuneração para o setor seria melhor se a indústria de suco negociasse de forma diferente com os produtores.
– Enquanto houver a indústria estipulando o preço que ela quer e não levando em consideração a lei da oferta e da procura, eles simplesmente podem dizer: nós perdemos o mercado americano e vamos pagar menos. O prejuízo vai ser nosso – critica.
Os Estados Unidos importam cerca de 15% da produção brasileira de suco de laranja concentrado. No país da América do Norte, o produto é usado para complementar a oferta e para mistura. Mesmo com essa dependência, os EUA vem diminuindo a compra do produto brasileiro nos últimos anos.
De acordo com o governo, as compras superaram as 210 mil toneladas em 2007, com 210,62 mil. Em 2009, o volume foi de 98,36 mil e, no ano passado, de 64,79 mil. Para Mendes, ainda não é possível saber o tamanho da perda de espaço nos Estados Unidos. No entanto, ele acredita que o suco brasileiro que seria destinado ao país pode ser redirecionado para mercados menos exigentes em relação a presença do carbendazim, como o europeu e o asiático. A preocupação maior é com um eventual prejuízo à imagem do suco de laranja.
O diretor de citricultura da Sociedade Rural Brasileira também tem essa preocupação. Para Gastão Crocco, o Brasil deve passar a produzir sem o uso do carbendazim para atender aos Estados Unidos.
– Se o nosso cliente está pedindo suco sem carbendazim, nós temos condições de fazer um suco puro, saudável, como sempre foi feito e reconhecido pela Organização Mundial de Saúde. O mercado americano está percebendo que daqui a um ano a questão do carbendazim vai estar resolvida. Se ele tivesse a perspectiva de que daqui a um ano haja resíduo na próxima safra, o preço para março de 2013 não estaria abaixo do que está hoje – avalia.