Citricultores brasileiros preocupam-se com a perda de mercado norte-americano

Produtores de laranja temem desgaste da imagem do produto por conta do uso do fungicida carbendazimA recente alta dos preços do suco de laranja em Nova York não deve ser sentida pelos produtores do Brasil no curto prazo. Segundo analistas e representantes do setor, as preocupações são com um possível prejuízo da imagem do suco brasileiro e com a perda do mercado norte-americano, que desde 2007 vem diminuindo as compras do país. A polêmica em torno do fungicida carbendazim tem ajudado a impulsionar o preço internacional do suco de laranja. Em Nova York, o contrato para março iniciou janeiro va

De acordo com Maurício Mendes, CEO da Informa Economics FNP, diferente de outras commodities, como soja e algodão, no spot, normalmente, o efeito não acontece rapidamente. O movimento de alta demora a ser percebido no campo pelo produtor de laranja, principalmente, para aquele que vende diretamente para a indústria, sem contrato.

– O spot não tem vetor direto com o preço da bolsa de Nova York. No entanto, os contratos de longo prazo com a indústria podem ser afetados por esse patamar mais alto que o suco se encontra – explica.

O presidente da Associação Brasileira de Citricutores, Renato Queiroz, afirma que a remuneração para o setor seria melhor se a indústria de suco negociasse de forma diferente com os produtores.

– Enquanto houver a indústria estipulando o preço que ela quer e não levando em consideração a lei da oferta e da procura, eles simplesmente podem dizer: nós perdemos o mercado americano e vamos pagar menos. O prejuízo vai ser nosso – critica.

Os Estados Unidos importam cerca de 15% da produção brasileira de suco de laranja concentrado. No país da América do Norte, o produto é usado para complementar a oferta e para mistura. Mesmo com essa dependência, os EUA vem diminuindo a compra do produto brasileiro nos últimos anos.

De acordo com o governo, as compras superaram as 210 mil toneladas em 2007, com 210,62 mil. Em 2009, o volume foi de 98,36 mil e, no ano passado, de 64,79 mil. Para Mendes, ainda não é possível saber o tamanho da perda de espaço nos Estados Unidos. No entanto, ele acredita que o suco brasileiro que seria destinado ao país pode ser redirecionado para mercados menos exigentes em relação a presença do carbendazim, como o europeu e o asiático. A preocupação maior é com um eventual prejuízo à imagem do suco de laranja.

O diretor de citricultura da Sociedade Rural Brasileira também tem essa preocupação. Para Gastão Crocco, o Brasil deve passar a produzir sem o uso do carbendazim para atender aos Estados Unidos.

– Se o nosso cliente está pedindo suco sem carbendazim, nós temos condições de fazer um suco puro, saudável, como sempre foi feito e reconhecido pela Organização Mundial de Saúde. O mercado americano está percebendo que daqui a um ano a questão do carbendazim vai estar resolvida. Se ele tivesse a perspectiva de que daqui a um ano haja resíduo na próxima safra, o preço para março de 2013 não estaria abaixo do que está hoje – avalia.