Citricultores pedem R$ 600 milhões de crédito para sustentar preços

Segundo Câmara Setorial, situação é preocupante, já que indústrias alegam não ter condições de comprar toda a produção de laranja deste anoOs citricultores querem que na próxima safra o governo federal dobre o montante de recursos destinados às operações de Linha Especial de Crédito (LEC) para financiar a estocagem de suco pelas indústrias que assegurem aos fornecedores um preço mínimo na compra da laranja. Marco Antonio dos Santos, presidente da Câmara Setorial de Citricultura, diz que a situação é preocupante, porque as indústrias já avisaram que não terão condições de comprar toda laranja que será produzida neste ano, apesar da

Na safra atual, que termina no próximo mês, o governo destinou R$ 300 milhões para as operações de LEC. A demanda das indústrias pelos recursos somou R$ 240 milhões, que resultaram em um estoque de 311 mil toneladas de suco, das quais um terço será liberado a partir de julho e os outros dois terços em janeiro do próximo ano. As indústrias tomaram os recursos a juros de 6,75% ao ano e pagaram aos fornecedores no mínimo R$ 10,00 por caixa de 40,8 quilos de laranja.

Os estoques que aliviaram a situação em 2011 agora exercem pressão sobre os preços, pois além das 311 mil toneladas de suco da LEC existem mais 300 mil toneladas das próprias indústrias. As exportações estão sendo afetadas pela retração do consumo no mercado europeu, em função da crise financeira, e pela restrição ao suco concentrado pelos Estados Unidos, por ponta dos limites aos resíduos do pesticida carbendazim. O volume exportado nos primeiros quatro meses deste ano caiu 7,8% e ficou em 631 mil toneladas. Já a receita das indústrias cresceu 5,2% e atingiu US$ 775 milhões.

Marco Antonio dos Santos diz que os preços recebidos pelos produtores que venderam a laranja com base na LEC devem ficar em média em R$ 11 a caixa, pois o contrato tem um “gatilho” que eleva o preço em R$$ 0,50 quando a média ponderada do valor de comercialização do suco ultrapassar US$ 2,1 mil por tonelada.

O dirigente afirmou que, para a próxima safra, as indústrias estão dispostas a pagar R$ 8,00 por caixa – valor que está abaixo das expectativas dos produtores.

– Mas, diante da situação, temos de negociar o melhor possível – diz Santos.

Segundo ele, os citricultores que iniciaram a colheita das laranjas precoces não estão conseguindo vender para as indústrias, que irão iniciar o processamento somente em junho. A laranja hamlin, normalmente destinada ao processamento industrial, agora está sendo vendida no mercado interno a R$ 7,00 a caixa. Santos observa que a situação é complicada, mesmo com a perspectiva de menor produção, como a estimativa divulgada pela Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), que aponta para uma queda de 15% em relação ao recorde de 428 milhões de caixas registrado no ano passado. A primeira estimativa oficial, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), será divulgada em breve, disse ele.