O processo dos produtores contra a indústria de laranja está na Secretaria de Direito Econômico, ligada ao Ministério da Fazenda. Os produtores querem que a ação seja desmembrada e dizem ter documentos suficientes para comprovar a prática irregular.
? Estão [as indústrias] conseguindo empurrar esse problema para a frente. Já são quase três anos da Operação Fanta e até agora parte dos documentos não foram liberados para a SDE analisar ? lembrou.
Viegas se disse favorável à possibilidade de um acordo com as empresas, desde que seja franco e proteja os produtores. Mas até hoje todas as tentativas foram frustradas. Ele criticou a indústria da laranja e disse acreditar que o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência vai acabar com o cartel.
O dirigente da Associtrus participou também de uma reunião da Câmara Setorial da Citricultura. Ele avaliou que a ação do Brasil contras as medidas antidumping dos Estados Unidos pode não ter efeito. O motivo, segundo a entidade, seria a estratégia da indústria de laranja, que não paga um preço justo pela fruta.
O presidente de Associtrus explicou que a indústria compra a produção de forma antecipada, com base na estimativa de colheita, geralmente, revisada para baixo pelas empresas. De acordo com Viegas, se as estimativas da indústria estivessem certas, os valores atuais, considerados abaixo do custo, não teriam justificativa. Ele acrescentou que a compra de laranja desta forma enfraquece qualquer ação antidumpnig.
A Operação Fanta
No dia 24 de janeiro de 2006, a Polícia Federal apreendeu documentos e material no processo que apura a prática de cartel por processadoras de suco de laranja na compra da fruta dos produtores. A ação ocorreu em escritórios e unidades industriais da Cutrale, Montecitrus, LD Commodities e Citrovita, em Araraquara, Monte Azul Paulista, Bebedouro e São Paulo, além da antiga sede Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus) e na residência do ex-presidente da Louis Dreyfus Commodities Reinaldo Roberto Sesma, ambas em Ribeirão Preto (SP).