O greening é, sem dúvida, a grande ameaça da citricultura em São Paulo e, conseqüentemente, em todo o país, porque a maior produção está no Estado. No entanto, o controle de pragas como o amarelinho e a mosca negra, por exemplo, também já são consideradas ameaças pelos produtores por causa dos altos custos de defensivos, além da questão de mercado.
Este é o caso da propriedade do produtor de cana-de-açúcar Everaldo de Oliveira, em que a toda a área que antes tinha pomares de laranja atualmente produz apenas cana-de-açúcar. Segundo o produtor, a substituição foi feita por causa do custo da laranja, que estava muito alto e a cana compensava mais.
? A questão da cana, que a cana está chegando, a questão do etanol, está aumentando a área de produção e a questão dos custos. O dólar está baixo e o custo do produtor hoje é de R$ 11 a caixa. E ele acaba recebendo pela indústria US$ 3,5 a US$ 4 a caixa. Então, não dá nem R$ 7, R$ 8. É muito baixo. É muito pouco para o que ele gasta. Então, ele está tendo grandes prejuízos. Vendo isso, dolar baixo, a questão do greening e as usinas assediando, querendo que eles mudem, então está partindo para a cana ? explica Maria Flavia Tavares, doutora em agronegócio.
Problemas fitossanitários, adaptação das variedades, infra-estrutura e mercado são fatores determinantes para a concentração de determinadas culturas numa região. As frutas cítricas são cultivadas em mais da metade dos municípios paulistas, A produção significativa, segundo o Instituto de Economia Agrícola, é feita em 348 municípios, no chamado Cinturão Citrícola. E foi nas regiões norte e nordeste do Estado, as mais tradicionais da produção, que aconteceram as maiores mudanças nos últimos anos.
Mas houve reflexo no Estado inteiro. Há pouco mais de dez anos, a área de cana-de-açucar em SP era o triplo da de laranja. No ano passado, já era sete vezes mais. A nova geografia da citricultura ultrapassa também as divisas do Estado.
? O que a gente tem verificado é que a laranja está indo um pouquinho para outros Estados, para o Paraná, onde também já existia, mas ainda a concentração vai ficar em São Paulo, por causa dessa nova área que tem condições de desenvolver a citricultura ? relata a pesquisadora do IEA Denise Kaser.
Pelos dados do IEA em SP, houve perda de quase 22 mil hectares de plantação de laranja de 1997 para cá. Ainda assim, o Estado tem hoje 680 mil hectares plantados.