Classificador oficial de grãos encontra erro e empresa não desconta de produtor

Caso aconteceu em Mato Grosso, contou com ajuda da Aprosoja e produtor deixou de perder 3 toneladas em pagamentos

Pedro Silvestre, de Nova Mutum (MT)
Em Mato Grosso o excesso de chuvas está atrasando a colheita da soja e prejudicando a qualidade dos grãos. Com isso, é bom o produtor ficar atento na hora da entrega, pois muitas empresas ainda teimam em usar mecanismos de classificação de grãos inadequados. Um classificador oficial foi chamado, notou o erro e a empresa foi obrigada a não descontar do pagamento ao produtor.

Tem agricultor que precisou chamar um classificador credenciado pelo Ministério da Agricultura para não ficar no prejuízo. A Aprosoja-MT disponibiliza esses profissionais aos produtores e já pressionou o governo para a criação de regras claras para a classificação.

Desde que começou a colheita dos 3,2 mil hectares de soja, Cristiano Beber enfrenta dificuldades para manter o ritmo dos trabalhos. Há mais de uma semana, mais de mil hectares estão prontos para colher, mas a chuva não para.

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“Nos últimos dez dias, recebemos mais de trezentos milímetros de chuvas. Isso aqui parecia um mar. Colhemos 30% da área apenas e ainda temos a mesma quantidade para colher. O restante será dessecado quando a chuva parar. Estamos com as máquinas paradas, só olhando para o tempo e as previsões mostram bastante água por vir. Estamos muito preocupado com isso”, diz Beber.

A situação já acendeu o sinal de alerta quanto ao futuro da produção da lavoura. “O que colhemos deu 25, 28 de umidade. Isso depende do horário que começa a colheita. O problema não é só a chuva, mas o tempo nublado. A soja começa a trocar de cor, o grão incha e volta, começa a perder peso e qualidade”, conta Beber.

Ciente destes problemas nos grãos devido ao clima, Beber conta que na hora de entregar a soja nas empresas e passar pela classificação a dor de cabeça aumenta, já que ele notou falhas no processo.

“Estávamos embarcando soja dentro do padrão. Terminou o lote e começamos um novo. Só que trocou a empresa classificadora e começou dar uma variação absurda nos resultados. Não concordamos, com o resultado e ninguém explicava, não justificava aquilo. Chamamos o classificador da Aprosoja e ele fez a classificação”, diz Beber.

Segundo o relato do classificador credenciado do Mapa, que acompanhou o produtor, Hudson Salles Santana, ao detectar o erro na avaliação inicial a empresa foi informada e teve que mudar a opinião.

“O produtor nos convidou para acompanhar o caso. Na primeira classificação foi achado 9.5 de avarias totais. Na contraprova deu 5.2 de avariado, ou seja dentro do padrão. Conversamos com o supervisor da certificadora e o embarque seguiu normalmente, sem descontos ou divergências na classificação. Nessa divergência, o produtor estava perdendo cerca 3 mil quilos em descontos”, conta Santana.

Na opinião do classificador credenciado, os principais pontos de divergência são reflexos do despreparo dos profissionais terceirizados que atuam nas empresas.

“Muitos produtores têm ligado e solicitando o serviço. E, depois, nos agradecem pelo serviço. Muitas vezes os classificadores das empresas cometem erros por falta de preparo,  nem é por maldade. Mas, quem acaba prejudicado é o produtor”, conta o coordenador  da Comissão de Defesa Agrícola da Aprosoja-MT, Lucas Luiz Costa.

A contratação de profissionais credenciados é uma estratégia da Aprosoja para auxiliar os agricultores nos casos em que há dúvidas sobre o resultado da classificação. Segundo Costa, nesta safra todos os 24 núcleos regionais da entidade irão contar com estes profissionais.

“Quando se tem um classificador preparado para fazer uma classificação mais justa, até a empresa acaba se beneficiando. Justamente porque as normas não são claras e o classificador que ela contrata não está bem preparado. Então se o produtor não questiona, acaba sendo lesado e tomando prejuízo”, diz Costa.

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