• O que esperar do mercado de grãos nesta semana?
O enfezamento é relatado no oeste da Bahia há duas safras, mas os prejuízos foram maiores neste ciclo. O produtor Irineu Vicini não teve outra escolha senão colher a produção de seus 100 hectares em forma de silagem. Vicini vai amargar um prejuízo de quase R$ 300 mil. As plantas chegam a formar espiga, mas não se desenvolvem por completo. Faltando 30 dias para encerrar a formação, as plantas enfraquecem e acabam tombando.
– Se tivesse hoje, acho que teria 30% da área caída. Da forma que ia evoluindo o problema, a semana que vem, talvez, não teria nem 10% da área de pé – lamenta o produtor.
A pesquisadora da Embrapa Sorgo e Milho Elizabeth de Oliveira explica que o enfezamento é causado por micro-organismos chamados de molicutes, que são transmitidos pela cigarrinha. O inseto vive apenas nas lavouras de milho e se prolifera com mais intensidade em regiões quentes. Há dois tipos de enfezamento: o pálido e o vermelho. Nos dois casos, a doença afeta a planta no início do desenvolvimento e passa do milho mais velho para o mais recente.
– É que nós intensificamos o cultivo do milho. Plantamos milho o ano todo, então ela passa de um cultivo para o outro. É racionalizar um pouco essa forma de cultivo. Existem cultivares com diferentes níveis de resistência, associar isso a tratamentos químicos é possível minimizar os efeitos. Principalmente evitar milho sobre milho. O plantio escalonado favorece a doença – explica a pesquisadora.
Clima
O produtor de milho Sebastião Mariuci vai colher o cereal até a segunda quinzena de junho. Por causa da seca que atingiu a lavoura bem na fase de florescimento, o resultado está abaixo do que ele esperava.
– Ano passado nós também tivemos problema de chuva, mas ainda fechamos com 150 sacas por hectare. Este ano, teremos média de 110, 105 sacas. Em alguns talhões, menos ainda, muito ruim – afirma.
Com essa média menor, o produtor rural não está conseguindo quitar nem o custo da lavoura. A perda por hectare está em R$ 200 reais. Na vizinhança, quem plantou mais cedo também teve prejuízo.
A presidente do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães, Carminha Mício, explica o problema climático. A chuva atrasou e chegou no momento errado, na época de enchimento do grãos. Com isso, muitos agricultores tiveram de atrasar a entradas das colheitadeiras. Resultado final: muitos grãos acabaram apodrecendo.
– As chuvas foram muito regionais, então difere muito de lavoura para lavoura. Mas, no geral, a gente pensa que o comprometimento [da produção] fica na média de 30% a 40% em algumas lavouras – comenta.