O produtor rural da Argentina, sobretudo aqueles dedicados às culturas do milho e do trigo, contam com dois problemas: as altas taxas impostas pelo governo do presidente Alberto Fernández e as condições climáticas adversas, sobretudo em decorrência dos efeitos do fenômeno La Niña. Ao menos essa é a análise do engenheiro agrônomo e consultor de mercado agrícola da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
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Na visão de Brandalizze, os agricultores argentinos já deram os primeiros passos na safra 2022/23 com números nada positivos. Ao participar do telejornal ‘Mercado & Companhia’ desta segunda-feira (24), o especialista apontou que a estiagem provocada pela La Niña fez com que a área de produção do milho no país fosse cortada pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Além disso, a projeção de trigo foi reduzida.
“A safra está com plantio atrasado. O clima não tem sido favorável, as chuvas são muito escassas, principalmente no centro-sul da Argentina”, comentou Brandalizze. “Já começando com situação desfavorável no caso do milho argentino”, prosseguiu, que lembrou: os agricultores já haviam sofrido com o La Niña no ciclo passado.
Para demonstrar a razão para os produtores locais não se animarem, o entrevistado expôs números parciais referentes ao milho. “Deveriam estar com cerca de 35% das lavouras plantadas, mas fecharam a última semana com aproximadamente 17%. Estão com menos da metade [da área] que deveria ter sido plantada”, observou o consultor.
Trigo: Brasil pode ganhar mercados
O problema rural na Argentina não se limita à cultura do milho. Questões climáticas — tempo predominantemente seco — podem fazer com que a Argentina diminua o volume de produção do trigo. Além disso, por causa da falta de registros de chuva, o produto tende a perder em qualidade, pondera Vlamir Brandalizze. Dessa forma, ele aponta que o Brasil pode ser diretamente beneficiado no cenário internacional.
“Agora vem a Argentina, com o clima seco. Projeções iniciais [do trigo] de mais de 21 milhões de toneladas, mas, agora, apontando para pouco mais de 16 milhões [de toneladas]”, disse Brandalizze ao conversar com a jornalista e apresentadora Pryscilla Paiva. “E no que isso reflete? Que o Brasil, que está colhendo uma boa safra, terá um espaço para exportar”, complementou, lembrando que há muitos compradores de trigo “espalhados pelos portos”.
Governo da Argentina também é um problema para o produtor rural
Além de comentar questões relacionadas aos problemas climáticos, que afetam diretamente o nível de produtividade da agricultura da Argentina, Brandalizze reforçou que, segundo a sua visão, as políticas públicas são outro problema para o setor. “O governo taxa muito o produtor”, lamentou. “O grande obstáculo é que a capitalização do produtor argentino é pequeno, muitos estão em situações financeiras estão complicadas.”
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