Clima favorece avanço culturas de verão e melhora qualidade das frutas no Rio Grande do Sul

Arroz e feijão estão beneficiados pelo calor e luminosidade, mas milho e soja podem ter dificuldadesA alta luminosidade e o calor favorecem o desempenho das culturas de verão no Rio Grande do Sul. O arroz e o feijão, que têm as primeiras lavouras colhidas, apresentam bom rendimento e produto de boa qualidade. As frutas também estão beneficiadas pelo clima seco e ensolarado, que garantirá qualidade de cor e sabor. Já para a soja e o milho, as condições do tempo podem atrapalhar o rendimento dos produtores.

A situação é mais severa nas áreas de milho plantadas mais tardiamente, onde a falta de umidade, aliada às altas temperaturas, faz com que as plantações sequem suas folhas até a altura das espigas. De acordo com o Informativo Conjuntural elaborado pela Emater-RS, a consequência dessa situação poderá ser a redução significativa no rendimento de lavouras de milho nas áreas afetadas. Na região Noroeste, as condições climáticas ocorridas até a metade de dezembro garantem boa expectativa de rendimento para o milho plantado no cedo.

A cultura da soja encontra-se ainda com bom aspecto fitossanitário. Até o momento a falta de chuvas não compromete a produtividade da lavoura, embora haja atraso no crescimento das plantas em algumas regiões. O deficit hídrico poderá afetar o rendimento da cultura se a situação não melhorar.

Há preocupação com a lagarta Helicoverpa armigera, depois que foram confirmados alguns focos em diferentes regiões, e muitos agricultores fizeram aplicações de inseticidas. Também são registrados alguns focos localizados de vaquinha (Diabrotica speciosa) e de lesmas, mas sem grandes danos em função do controle. No Noroeste, a infestação por buva (Conyza bonariensis) é bastante séria em diversas lavouras. Alguns agricultores estão voltando a fazer capina manual em áreas pequenas. Em áreas maiores, alguns recorreram ao uso da grade antes do plantio da soja, o que causou compactação do solo e, como consequência de uma chuva muito intensa ocorrida no início de dezembro, acabou provocando erosão bastante significativa nestas áreas.

Frutas e olerícolas

As frutas estão beneficiadas pelo clima seco e ensolarado, garantindo brotações novas, boa sanidade e qualidade de cor e sabor. No caso da melancia, as lavouras no Vale do Rio Pardo, até o momento, estão com desenvolvimento normal e boa produtividade, mas começaram a sentir a falta de chuvas. Iniciou a colheita e o preço na lavoura é de R$ 0,35 o quilo. Na região Central, em Cacequi, as primeiras frutas já estão sendo colhidas, com um peso médio de 10 quilos e o preço cotado a R$ 0,50 o quilo. Na região da Campanha, a cultura de melancia está instalada e apresenta bom desenvolvimento, porém a alta radiação solar provoca manchas de escaldadura nos frutos.

O pêssego cultivado na região do Alto da Serra do Botucaraí está em plena colheita das cultivares de ciclo mais tardio. Os frutos colhidos apresentam boa qualidade devido à boa insolação, que conferiu aos frutos coloração e bom teor de açúcar. O preço médio recebido pelos agricultores nas feiras foi de R$ 2,50 o quilo. Embora em menor intensidade, continua a prática de poda verde (desbrote), selecionando brotos que vão definir a próxima safra. Também está sendo feita a roçada da vegetação nos pomares.

Na região Central, a preocupação na última semana foi com a forte insolação sobre as olerícolas, sendo necessário o uso de sombrite, em especial nas espécies folhosas. No Vale do Caí, o forte calor e a insolação plena provocam danos às verduras cultivadas na região, como alface, chicória, rúcula e radite. Nas condições climáticas da região do Vale do Caí, onde o cultivo de hortaliças é possível durante o ano todo, o aquecimento natural demasiado durante o verão pode causar problemas no cultivo das hortaliças.

No Noroeste Colonial, os reservatórios utilizados para a irrigação das hortas começaram a diminuir o seu volume acumulado, preocupando os produtores. O clima favoreceu o aparecimento de pragas, em especial ácaros, nas culturas do tomate, melão e amendoim. Com o uso intenso de irrigação, as hortaliças estão se desenvolvendo rapidamente, propiciando colheita mais rápida, com boa qualidade dos produtos. As áreas sem irrigação apresentam pouco desenvolvimento e, quando colhidas, as culturas não possibilitam a implantação de novos cultivos, o que pode comprometer o abastecimento futuro.