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Clima na safra 15/16 reforça necessidade por seguro rural

Segundo a Aprosoja Brasil, falta um produto atrativo para que os agricultores tornem a contratação de seguro uma prática recorrente

O clima adverso prejudicou os produtores de soja do país. Desde o início da safra, a falta de chuva em algumas regiões e o excesso dela em outras afetou o desenvolvimento da oleaginosa no país. Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Almir Dalpasquale, as situações climáticas desse ano só comprovaram que o governo deve melhorar a qualidade do seguro rural brasileiro.

Segundo Dalpasquale pela primeira vez o Centro-Oeste sentiu a ausência de um seguro para a lavoura. Para ele, a interferência do clima na produtividade da lavoura, situação vivida em todo o Brasil, explicitou a necessidade de termos um seguro que atenda aos produtores do norte a sul deste país.

– Se as apólices fossem interessantes aos produtores, se o governo garantisse volume de subvenção para outras regiões, não só no Sul, poderíamos ter mais tranquilidade para produzir alimentos, empregos e divisas para o país, sem medo de endividamento – afirma.

A entidade acredita que o seguro ainda precisa se tornar um comportamento cultural entre produtores, mas para isso o custo das apólices precisa ficar menor, a concorrência deve crescer. O dirigente da entidade deixa claro que “o tema seguro é uma prioridade da entidade nacional e esse ano estará como nunca na agenda da Aprosoja Brasil”.

Atualmente o setor da soja gera sete milhões de empregos no Brasil e a cadeia toda, incluindo os insumos, produção e comercialização, movimenta mais de US$ 70 bilhões por ano, gerando impostos, aquecendo a economia de mais de dois mil municípios do país.

Clima

Cada estado sofreu com as mudanças climáticas de forma distinta. Para o presidente da Aprosoja-PR, José Sismeiro, as previsões da Conab estão otimistas.

– Acredito que o Paraná deverá colher 16 milhões de toneladas e não 18 como prevê o Governo. Esse ano foi ruim comparado com os outros. Muitos produtores estão tendo produtividades menores e com custos maiores – conta Sismeiro.

Já para o presidente da Aprosoja-RS, Décio Teixeira, as precipitações aconteceram com muita frequência no início do plantio, cessando agora no final da safra, acompanhadas de altas temperaturas.
– Vivemos um período de estiagem que com certeza prejudicou o rendimento das lavouras. Mas a surpresa é que de súbito chegam chuvas torrenciais, com regiões com lavouras totalmente alagadas, causando perdas consideráveis – comenta Teixeira.

Ainda preocupado com instabilidade do clima, Décio explica que mesmo com acumulado da chuva nas últimas semanas, existem áreas que não conseguirão recuperar as perdas.

O que mais preocupa Teixeira no momento é que mais de 40% da safra já foi comercializada, cenário que gera incertezas.

– Nossa preocupação é que os produtores consigam cumprir seus contratos, afinal o estado sofreu muito com interferências climáticas – avalia.

Alto custo de produção

Muitos estados já estão colhendo a soja, estando alguns estados mais adiantados do que outros. O Paraná já colheu 20%, contra cerca de 10% no Mato Grosso. Mas independente do resultado da colheita, para muitos dirigentes e diretores das Aprosojas, ficou claro que os contratos de venda antecipada aumentaram em mais de 50%. Valor que muito teve a ver com a liberação de recursos para custear a safra. Isso porque, em 2015/2016, por exemplo, os defensivos agrícolas ficaram 50% mais dispendiosos do que no último plantio e o recurso dos bancos destinados à agricultura, quando liberados, estavam atrelados a juros livres.

Tal cenário é assustador para o produtor de Sorriso e vice-presidente da Aprosoja-MT, Elso Pozzobon. Segundo ele, deveria ser fomentado um modelo de seguro subvencionado a todos os sojicultores brasileiros não só de risco climático, mas também de renda.

– Precisamos garantir renda e não a produção, inclusive cobrindo variações de preços no mercado interno, ou seguiremos vivendo esta insegurança no campo – alerta.

Pozzobon justifica que o alto risco da atividade não e só climático, mas principalmente de mercado. O presidente da Aprosoja-PA, Vanderlei Ataídes, destaca que além desses fatores, os produtores também têm convivido com a perda de eficiência de inseticidas e fungicida e herbicidas. Segundo o dirigente, o custo com aplicações tem sido o grande filão no custeio da safra.

Já no Piauí o que provocou insatisfação por parte dos produtores foi a falta de qualidade das sementes. Segundo o presidente da entidade local, Moyses Barjud, houve replantio de forma significativa, o que gerou, ainda, mais custos para o bolso do sojicultor.

Com informações da Aprosoja Brasil

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