– Devemos ter em mente de que ainda há uma seca em curso nos Estados Unidos que, aliada a questões logísticas da América do Sul, deixará os preços voláteis – afirmou.
Países do norte e sudeste da Ásia compram cerca de 30% do milho e do trigo comercializado no mundo por ano, ou mais de 70 milhões de toneladas, no valor de mais de US$ 22 bilhões. Essas nações dependem dos EUA e da América do Sul para abastecimento, e qualquer aumento de preços eleva não só a sua conta de importação de alimentos, mas também a inflação.
Nesta terça, dia 30, o contrato futuro de milho para maio da Bolsa de Chicago (CBOT) atingiu a máxima em um mês no pregão eletrônico, a níveis acima de US$ 6,90 por bushel, estreitando o desconto do cereal em relação ao trigo. O vencimento maio de trigo também estendeu os ganhos de segunda, dia 29, e chegou a ser negociado US$ 7,1175/bushel.
Helen destacou ainda que mais da metade do território norte-americano está sob algum grau de seca, dificultando o desenvolvimento da safra de trigo que será colhida em algumas semanas. De acordo com dados do governo dos EUA, apenas um terço da safra de trigo de inverno do país está em boas ou excelentes condições, nível mais baixo para esta época do ano desde 1996.
Apesar da área plantada maior de trigo nos EUA este ano, a área total colhida deverá cair 4%, o que indica que uma grande área que foi plantada será abandonada, assinalou a economista. A produção de trigo dos EUA, o maior exportador do mundo, deverá recuar 9% na próxima temporada, que começa na quarta, dia 1º de maio.
Chuva e clima frio também atrasaram a semeadura de lavouras de primavera no meio-oeste dos EUA e na Europa. Apenas 5% da área prevista para o milho este ano nos EUA foi plantada até agora, o ritmo mais lento já registrado, em comparação à média de um terço para esta época do ano.
– Esses ainda são os primeiros dias, e as coisas podem melhorar, mas os estoques de milho estão apertados devido à seca do ano passado, e, se houver mais atrasos, os agricultores se voltarão para o plantio de soja – afirmou Helen.
Os estoques de milho dos EUA devem alcançar o menor patamar em 17 anos quando o ano comercial terminar, em 31 de agosto. Se os estoques do cereal não forem repostos no início da próxima temporada, isso vai alterar os fluxos de comércio, com importadores procurando mais grãos da América do Sul, onde muitos portos ainda estão congestionados, com navios à espera de atracação e carregamento há várias semanas, ressaltou Helen.