– É preciso ver como os cultivos se recuperam dos alagamentos, e só então poder fazer uma estimativa da extensão da perda porque a situação é muito heterogênea – explicou à Agência Estado o analista Juan Andrés Del Río, da Associação Argentina de Consórcios Regionais de Experimentação Agrícola (Aacrea), ao comentar que ainda é cedo para avaliar o impacto do excesso de umidade nas plantas.
As áreas alagadas se encontram no sudeste da província de Buenos Aires, que concentra quase 60% do trigo produzido no país. Em meados de agosto, o Ministério de Agricultura estimou uma queda de 20% na área de trigo 2012/2013 ante o ciclo anterior, para 3,7 milhões de hectares.
Se confirmada a área, a produção pode chegar a 12,5 milhões de toneladas, com saldo exportável de 6 milhões de toneladas. No setor privado, as estimativas são de redução mais acentuada, com saldo abaixo do patamar indicado pelo governo argentino. Segundo Del Río, em novembro, um pouco antes do início da colheita dos primeiros lotes, será possível fazer uma estimativa.
A Argentina é o sexto exportador mundial de trigo e tem no Brasil o principal destino do cereal. A menor produção neste ano fará com que o volume embarcado também seja menor. Com o controle governamental da exportação do cereal, o governo compromete a concorrência, o que deprime os preços e desalenta o produtor.
– O agricultor está substituindo o trigo, há tempos, por cultivos que têm menos controles, como a cevada, e maior rentabilidade, como a soja – disse o analista Gustavo Lopez, da consultoria Agritrend.