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Diversos

Clima ruim afeta produção mundial e eleva preço dos alimentos

CIGC cortou previsão para safras globais de grãos em 6 milhões de toneladas: de 2,301 bilhões para 2,295 bilhões de toneladas

A perspectiva de aperto na oferta mundial por grãos, em parte, em virtude do clima quente e seco nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos, está elevando os preços de alimentos básicos, como milho e trigo. As estimativas da expedição de safra Pro Farmer Crop Tour, que percorreu lavouras do Meio-Oeste dos Estados Unidos na última semana, apontam para rendimentos menores em algumas regiões, por causa do clima adverso.

A renda agrícola, que já vinha sendo prejudicada pela paralisação imposta pela pandemia do novo coronavírus em 2020, agora pode ficar ainda mais comprometida pelo clima desfavorável nas lavouras. Segundo dados do Monitor de Secas dos EUA, o calor extremo está prejudicando grande parte do país. Os Estados de Dakota do Norte e Minnesota, em particular, estão experimentando baixas quase recordes na umidade do solo, de acordo com levantamento da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (Noaa, na sigla em inglês).

Como resultado, muitas safras plantadas nesta primavera estão murchando. Cerca de 63% da safra de trigo da primavera dos EUA está em condições ruins ou muito ruins, ante 6% nesta mesma época do ano passado, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O mau tempo fez com que o USDA reduzisse suas expectativas para a produção da safra dos EUA em 2021 — o que, por sua vez, está diminuindo os estoques domésticos.

No mais recente relatório mensal de oferta e demanda global do USDA, a agência fixou os estoques finais de milho, trigo e soja em seu nível mais baixo desde 2013. Para técnicos que acompanharam o Pro Farmer Crop Tour, o impacto da seca é claro. “Não há maneira de contornar isso”, afirmaram.

Os contratos futuros de grãos na Bolsa de Chicago (CBOT, na sigla em inglês) têm um ano volátil, atingindo níveis quase recordes em maio. Segundo a AgResource, os preços podem subir ainda mais se as condições climáticas não colaborarem. “Os ingredientes para um mercado altista estão sustentados pela demanda firme à medida que os mercados internacionais sobem”, disse a empresa em nota.

Brasil e Rússia

O clima ruim também está afetando as lavouras dos grãos em outros importantes produtores mundiais. No mês passado, o Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) cortou a previsão para as safras globais de grãos na safra 2021/22 em 6 milhões de toneladas, de 2,301 bilhões para 2,295 bilhões de toneladas.

No Brasil, a segunda safra de milho, cultivada no inverno, foi reduzida significativamente por causa da seca. A temporada do milho safrinha é projetada em 60,3 milhões de toneladas, ante 75,1 milhões de toneladas em 2020.

Quanto à Rússia, as safras de trigo também estão sendo prejudicadas pelo clima seco, fazendo com que os analistas cortem as perspectivas para a produção de cereal no país. O USDA fixou a previsão para o trigo russo em 72,5 milhões de toneladas, uma queda de 12,5 milhões de toneladas em relação à estimativa de julho, mas bem abaixo das estimativas fornecidas por outras empresas que monitoram a região.

“Nesta temporada, o clima seco que observamos em julho e uma menor área plantada foram uma virada de jogo contra a safra russa”, disse o chefe da empresa russa de pesquisa agrícola SovEcon, Andrey Sizov. Em nota publicada no início deste mês, Sizov disse que a umidade do solo nas regiões de cultivo de trigo no país estava nos níveis mais baixos em mais de uma década.

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