? Há pouco mais de 50 anos, o Brasil era um grande importador de alimentos, de petróleo e o único produto que segurava a balança brasileira era o café. Aí veio a crise do petróleo o Brasil teve de tomar a providência de decidir ser independente na produção de grãos. Assim, em 1974, através do então ministro Alisson Paolinelli, o Brasil produzia 20 milhões de toneladas de grãos e, com a criação das Embrapa, passou a produzir 50 milhões de toneladas e não parou mais ? destacou.
Kátia lembrou que, nos primeiros anos de desenvolvimento da agricultura, a população gastava 50% de sua renda para comprar alimentos e hoje gasta bem menos, em torno de 18%.
? Isso se deve ao Centro-Oeste, que se desenvolveu e contribui com a produção de 56 milhões de toneladas de grãos, ou um terço do total registrado no Brasil. A região dispõe também de um terço do rebanho bovino brasileiro e é responsável por 20% de toda a exportação do agronegócio nacional ? analisou.
A presidente da CNA, enfatiza, por outro lado, que as vantagens do Centro-Oeste de dispor da maior produtividade por hectare do país é ofuscada pelas dificuldades de logística e de juros elevados, o que faz com que a região tenha a menor renda por hectare do país.
? Isso precisa mudar, pois apenas 10% da produção dos quatro Estados da região utiliza juros baixos, de 6,75% ao ano, ao passo que a maior parte da produção é feita com juros da ordem de 14,75% ao ano, vinculada a tradings, o que influencia na renda do setor ? disse.
Kátia Abreu mostrou que o custo de produção no Brasil, em oito anos, cresceu em percentual muito acima do verificado em outros mercados, como Argentina e Estados Unidos.
? Enquanto nesses dois mercados o custo se elevou em 42% e 53%, respectivamente, no Brasil, esse aumento foi de 204% ? comparou.
No que tange à logística, Kátia afirmou que atualmente 70% da malha viária brasileira está em condição de conservação ruim ou péssima, algo que precisa mudar com investimentos.
? Hoje, o total investido em estradas e rodovias, considerando construção e manutenção, não passa de 2% do PIB, ao passo que, apenas para manter as rodovias em bom estado, seria preciso aplicar 3% do PIB”, avalia.
A presidente da CNA disse que a região Centro-Oeste, juntamente com o Nordeste, também precisa de investimentos em portos.
? Hoje, as regiões situadas acima do paralelo 15 detém 52% da produção agrícola do país, mas conseguem exportar apenas 11% pelos portos da região. O restante é enviado para os portos de Santos e Paranaguá, pagando um frete caríssimo. Esse quadro precisa mudar”, pontua.
Para Kátia Abreu, de nada adiantará o Brasil dispor de crédito agrícola, sanidade etc, sem ter para onde poder direcionar tudo aquilo que produz de uma forma competitiva.
? Precisamos de investimentos em hidrovias, ferrovias e também em rodovias. Hoje, o custo para construir um quilômetro de rodovia é de R$ 2,5 milhões, para um quilômetro de ferrovia de R$ 4,9 milhões e para um quilômetro de hidrovia de R$ 50 milhões. Aparentemente caros, os custos em ferrovias e hidrovias se diluem considerando o frete, de R$ 25 para cada tonelada transportada via rios, de R$ 64 para tonelada transportada via ferrovias e de R$ 84 para cada tonelada transportada via rodovias ? afirmou.
Kátia indica que os custos de transporte via rios também se tornam mais baratos considerando a capacidade de transporte.
? Cada barcaça lotada equivale ao volume de 134 vagões de trem e de 116 caminhões. Fizemos um estudo sobre como podemos mudar a logística brasileira e estamos aguardando uma oportunidade de entregá-lo a presidente Dilma Roussef, que tem um custo viável, o qual corresponde a apenas 10% do que o governo pretende gastar com a implantação do trem bala entre Rio de Janeiro e São Paulo ? concluiu.