As ocupações fizeram a confederação que reúne os empresários do agronegócio a instalar um gabinete de crise para monitorar as ocupações e propor a criação do Plano Nacional de Combate às Invasões de Terras.
A CNA reconhece que no meio rural estão os brasileiros mais pobres e desamparados que “dificilmente têm acesso a postos de saúde, vacinação para os filhos, escolas com avaliação do Ministério da Educação, atividades desportivas, programação de cultura ou lazer. Também não contam com a proteção preventiva da polícia”. Mas segundo a confederação, “essa não é a pauta dos líderes do MST”.
Para o coordenador do programa de pós-graduação de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Carvalho Rosa, o MST ocupa áreas cuja propriedade da terra é contestável. “Boa parte do agronegócio brasileiro se estabeleceu em área de posse duvidosa”, assinala o autor de Combatendo a desigualdade social: o MST e a reforma agrária no Brasil.
Para o sociólogo, as ocupações apontam zonas, regiões e propriedades que “são locais de conflitos agrários” e “cujos índices de produtividade não atingem o mínimo necessário para cumprir a função social da terra”. Marcelo Rosa avalia que a ocupação de terra tem servido “fiscalizar” a função da grande propriedade do país.
O acadêmico entende que as ocupações das instalações de prédios públicos também têm uma função política, de mobilização do Estado. “O MST chama a presença do Estado brasileiro para uma coisa que sempre anuncia mas sempre reluta, que é agir em relação à pequena propriedade e transformar a estruturação fundiária do país”, defende.
Na última semana, durante a Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, o MST ocupou sedes do Incra em vários estados.
Segundo o Incra, 574,6 mil famílias de trabalhadores rurais foram assentados nos últimos sete anos em 3.348 assentamentos, com área total de 46,7 milhões de hectares.