O pesquisador de fertilidade do solo e nutrição de plantas do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Rodrigo Schoenfeld, observa que a monocultura do arroz, associada ao uso de sementes de má qualidade e práticas agrícolas não recomenadas, tem desgastado e até inviabilizado áreas no Rio Grande do Sul.
? Se continuarmos com este modelo e o mau uso da tecnologia, o que vai acontecer é que não será mais possível plantar em muitas áreas mais desgastadas pela perda de fertilidade e descontrole de plantas daninhas. Já existem muitas áreas assim no Estado ? diz Schoenfeld.
No Rio Grande do Sul, o quadro dominante após o plantio do arroz é a utilização da resteva para alimentar o gado de corte, com poucos casos de cultivo de pastagens, que poderiam ajudar a melhorar a qualidade do solo e ao longo do tempo diminuir a necessidade de emprego de fertilizantes químicos.
Para dar uma opção ao agricultor durante o verão e estimular a rotação de cultura, o Irga está desenvolvendo cultivares de soja e manejos que poderiam se adaptar ao excesso de umidade típico das várzeas. Também existem iniciativas para viabilizar a produção de milho na várzea, mas Schoenfeld entende que é uma saída um pouco mais complicada pela sensibilidade maior da planta em relação à oleaginosa ante o excesso de umidade.
Ao mesmo tempo, o Irga estuda plantas de cobertura que poderiam ser implantadas no inverno, aportar nutrientes no solo e serem utilizadas para alimentação do gado no sistema de integração lavoura-pecuária, outra alternativa para não degradar o solo e agregar renda ao produtor.
Apesar de já estar transcorrendo o período de preparo da terra para o cultivo do arroz, Schoenfeld sustenta que ainda há tempo para agricultores que pensam em destinar pelo menos parte da área de arroz para soja em áreas não tão alagadiças.
? Não adianta pensar que está em cima do laço, que não vai dar tempo. Se for para fazer, comece agora. Reserve 30% da área onde for possível e plante soja ? aconselha.