Durante o pico de safra da nanica deste ano (maio a setembro), produtores conseguiram preços até 65% maiores que o mínimo necessário para cobrir os gastos com a cultura. Para a prata, os valores superaram em 42% o mínimo durante o pico de safra (julho a setembro). Um dos fatores que alavancou as cotações no primeiro semestre foi a menor produtividade na região devido ao clima desfavorável (fortes chuvas).
Durante o pico de safra deste ano no norte de Minas Gerais (julho a setembro), as cotações da prata, principal variedade da região, caíram 32% sobre o mesmo período de 2007. A média do período foi 2% inferior ao mínimo necessário para cobrir os gastos com a cultura (R$ 13,31/cx de 20 kg). Isso se deve à coincidência do pico de safra mineiro com o do Vale do Ribeira, visto que as temperaturas mais baixas na última quinzena de julho atrasaram a colheita em Minas Gerais.
Apesar da queda na rentabilidade, produtores mineiros têm mantido os tratos culturais na região, o que deve garantir boa produtividade e ótima qualidade da fruta mineira em 2009, com volume semelhante ao deste ano. O incremento de 8% na área, principalmente pela expansão do Projeto Jaíba, só deverá interferir no volume daqui a aproximadamente dois anos.
Dificuldade em novos investimentos limita área em Santa Catarina
Em 2008, a área plantada com banana no norte de Santa Catarina mantevese semelhante à de 2007 e, para 2009, a expectativa também é de manutenção no total cultivado. Mesmo com a boa rentabilidade obtida com a nanica ? durante o pico de safra (julho a setembro), a média superou em 17% o mínimo necessário para cobrir os gastos com a cultura no período, segundo análise de colaboradores do Cepea ? os altos preços dos insumos neste ano dificultaram investimentos em novas áreas. A valorização do fertilizante reduziu as aplicações de adubos nas roças, o que deve impactar também na produtividade do próximo ano.
Quebra de safra no RN favorece Bom Jesus da Lapa
Entre março e setembro deste ano, a média de preços da prata em Bom Jesus da Lapa (BA) foi 10% maior que a do mesmo período de 2007 ? o Cepea não dispõe de dados anteriores para esta região. O aumento se deve, em grande parte, aos altos patamares praticados no primeiro semestre de 2008, quando a região não concorria com outras praças. Com a quebra de safra no Rio Grande do Norte, Bom Jesus da Lapa abasteceu praticamente sozinha o Nordeste nos seis primeiros meses do ano.
Durante o pico de safra da prata (março a maio), produtores forçaram valores a partir de R$ 11,00/cx de 20 kg, 162% acima do mínimo necessário para cobrir os gastos com a cultura, o que possibilitou um aumento de 10% na área cultivada se comparada à de 2007. Para 2009, a oferta e a qualidade da fruta da região devem se manter nos mesmos patamares de 2008, visto que produtores vêm realizando o mesmo número de aplicações de fertilizantes.
Adversidades climáticas reduzem exportações brasileiras
As exportações brasileiras de banana, que ocorrem principalmente para o Mercosul, diminuíram em 2008 em relação ao ano anterior. Segundo dados da Secex, de janeiro a outubro foram embarcadas 57,5 mil toneladas ao Mercosul, volume 27% menor que o de igual período de 2007. O principal motivo foi a maior concorrência exercida pelo Equador.
Devido a chuvas intensas em março, a qualidade da fruta equatoriana foi prejudicada e, não sendo possível enviá-la ao mercado europeu, a oferta se voltou para o Mercosul. Dessa forma, o preço médio de exportação no bloco baixou, fazendo com que vendedores brasileiros obtivessem maior remuneração com a venda no próprio país. É preciso observar ainda que a produção nacional no ano foi menor que em 2007, o que também favoreceu preços mais atrativos internamente.
Para a Europa, as vendas também reduziram 32% comparando-se a parcial deste ano (até outubro) ao mesmo período de 2007, visto que o clima chuvoso no início deste ano resultou em queda de 25% na safra do Rio Grande do Norte. Em 2009, a produção potiguar deve continuar baixa, já que os bananais reformados só devem voltar a produzir daqui a cerca de dois anos. Com isso, as exportações devem seguir reduzidas.