Em São Paulo, o clima não tem ajudado os agricultores, que começam a contabilizar as perdas com grãos ardidos
Roberta Silveira | Sorocaba (SP)
A colheita da soja está atrasada em São Paulo, o excesso de chuva prejudicou os trabalhos no campo e já interfere na janela de plantio da segunda safra de grãos. Outra consequência é a má qualidade dos grãos, com muitos ardidos e com pouco peso. Em Sorocaba, a chuva em fevereiro foi 25% maior que a média para este período do ano. O produtor Dario Rolim de Moraes é um exemplo.
– Nós tivemos um atraso significativo por causa do excesso de chuva. Essa área já deveria ter sido colhida há um mês, não estamos conseguindo entrar no campo por causa da sequencia de chuva. A terra não consegue absorver mais tanta água – explica Moraes.
Tentativa de colher a soja até existiu, mas o trabalho precisou ser interrompido porque o solo estava muito encharcado. Do jeito que o terreno está não será possível realizar o plantio direto. O jeito será a correção de solo. Outro problema que surgiu na lavoura são as plantas daninhas, já que o clima úmido não permitiu o controle delas.
– A população de plantas daninhas vai trazer muito trabalho. O índices de chuva impedem a colheita. Quando a máquina passa, o grão encharcado não passa e a máquina começa a desperdiçar grãos. Isso pode trazer uma perda de até 100% para a cultura – explica o consultor técnico Cassiano Cleto.
Com a umidade no campo, algumas doenças atacaram a soja com mais intensidade neste ano. O fungo da ferrugem asiática fez mais estragos na região.
– Neste ano, a chuva fez o produtor perder o tempo certo de aplicação contra a ferrugem. Ela se alastrou e temos relatos de produtores que perderam até 50% – afirma Cleto.
Nas áreas em que a soja já foi colhida, Dario Rolim de Moraes alcançou a produtividade de 67 sacas por hectare, mas ele acredita que esta média deve cair na hora que ele conseguir terminar os trabalhos nas áreas atrasadas. A demora obrigou o produtor a mudar sua estratégia para a safrinha.
– Já era para estar com o milho plantado, a ideia era essa. Agora, mudamos nossos planos, nós saímos do milho porque a época está passando. Nós vamos plantar agora um pouco de milho verde, talvez feijão e trigo, para manter o solo coberto – projeta o agricultor.
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