Minas Gerais responde por 10% da produção nacional de cana-de-açúcar. No início da safra a estimativa era de colher 58 milhões de toneladas, mas as perdas já passam de 7%, quatro milhões a menos. O resultado vem de problemas climáticos e da falta de renovação dos canaviais que estão perdendo a produtividade.
? A cana sofreu muito com o pisoteio de 2009 e com a seca de 2010, mas até as próprias usinas não tiveram condições de fazer os tratos culturais da maneira que realmente tem que fazer. Com isso nossos canaviais tanto em Minas quanto no Brasil sofreram envelhecimento e veio o reflexo em 2011. Falta cana no campo e isso não se resolve de um ano para o outro ? relata o produtor de cana e presidente da Associação dos Produtores e Empresários Canavieiros do Vale do Rio Grande (Canavale), Luiz Carlos Rodrigues.
Rodrigues esperava colher 130 mil toneladas, mas já estima perdas de 10%. O que vem compensando são os preços: R$ 65 a toneladas, R$ 16 a mais do que no mesmo período do ano passado. O produtor que comemorou o anúncio de linhas de crédito para a produção de cana no plano de safra agora reclama da dificuldade de acesso aos recursos.
? Está difícil acesso ao dinheiro porque os bancos exigem garantias reais além do penhor. Com essas garantias os produtores não têm como fazer, pois eles já hipotecaram em 2007, 2008. Como se faz para ter acesso a esses recursos? ? questiona Luiz Carlos Rodrigues.
Em Minas Gerais duas usinas já encerraram a safra, mas 41 estão em plena moagem. A produção dos derivados da cana já passou de 70% e se encaminha para o final. A produção de açúcar deve alcançar 3,1 milhões de toneladas e etanol o Estado deve produzir mais de dois bilhões de litros.
O crescimento do setor que estava em 8% ao ano caiu para 3%, resultado de 13 novas usinas que deveriam estar funcionando este ano no Estado não saíram do papel. Para o produtor Jonadan Ma, falta uma política agrícola a longo prazo para o setor. A solução para atender a demanda por etanol vai exigir tempo e investimento.
? O que nós estamos passando é principalmente pela falta de uma política agrícola de longo prazo. O que existe no Brasil é apenas política de safra, apenas para o ano. O setor de cana, o setor energético, tem que ter política de 15 a 20 anos pra frente ? afirma o produtor rural.