Colheita de cana termina cedo e usinas antecipam plantio em Mato Grosso

Antecipação da colheita foi devido à quebra de produtividade dos canaviais, que foram castigados por dois anos seguidos de estiagemA maioria das usinas de Mato Grosso encerrou a moagem de cana em outubro, com dois meses de antecedência em relação ao período normal. Das sete empresas, apenas três ainda estão em operação: usinas Barralcool (Barra do Bugres), Pantanal (Jaciara) e a ETH Bioenergia (Alto Taquari). O diretor executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool), Jorge dos Santos, calcula que nas próximas semanas as empresas devam processar um milhão de toneladas, dos 13,9 milhões de t

Jorge dos Santos explicou que a colheita nesta safra terminou mais cedo por causa da quebra de produtividade dos canaviais, que foram castigados por dois anos seguidos de estiagem. A previsão inicial do Sindalcool era de moagem de 14,1 milhões de toneladas de cana. Ele observa que a safra em Mato Grosso só não teve uma queda expressiva devido ao início das operações da ETH Bionergia, o que aumentou a produção em mais dois milhões de toneladas.

Como a colheita terminou mais cedo, algumas usinas estão antecipando o plantio nas áreas de renovação dos canaviais, que começou nas primeiras chuvas de setembro. Jorge dos Santos comenta que normalmente estas operações são realizadas no primeiro trimestre do ano, mas em função dos problemas climáticos dos últimos anos as empresas resolveram mudar o calendário, aproveitando as chuvas. Somente a Usina Itamarati, localizada em Nova Olímpia (207 quilômetros ao norte de Cuiabá), que encerrou a moagem na quinta, dia 20, deve plantar 10 mil hectares.

Santos diz que a área de cana-de-açúcar em Mato Grosso se mantém estável em 220 mil hectares e que um dos grandes problemas enfrentados pelas indústrias é a falta de financiamento para a renovação dos canaviais. Ele comenta que os recursos liberados para fornecedores devem elevar a oferta no Paraná e em São Paulo. No caso de Mato Grosso, diz ele, 95% da cana é produção das indústrias, que investem recursos próprios no custeio das lavouras.

Segundo estimativas do Sindalcool, a oferta de álcool hidratado deve ficar em 540 milhões de litros, volume 7,4% abaixo do verificado na safra passada. Já a produção de anidro deve crescer 24,1% para 340 milhões de litros. A produção de açúcar é estimada em 428 milhões de toneladas, volume 4% abaixo do produzido na safra passada.

Jorge dos Santos atribui a queda na produção de hidratado ao pico de preços ocorrido no início do ano. Na opinião do executivo, não houve uma migração da população para a gasolina, pois simplesmente “os consumidores colocaram o pé no freio.” Ele estima que o consumo de hidratado neste ano deva ficar entre 320 milhões a 350 milhões de litros, volume bem abaixo dos 416 milhões consumidos no ano passado. O estoque de passagem, que variava entre 100 milhões a 150 milhões de litros, nesta safra deve atingir 200 milhões de litros.