Colheita do pêssego mobiliza produtores em Porto Alegre (RS)

Clima foi favorável para a produção da fruta e pode resultar em excesso de oferta no mercadoA safra de pêssego de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, começou esta semana. Segundo a Emater, a previsão é de colher 1,6 mil toneladas. Com a ajuda do clima frio, a produtividade foi altíssima este ano. No entanto, isso preocupa um pouco os produtores, já que deverão receber menos devido a alta oferta.

Em 20 de novembro, o pêssego deve atingir o menor valor da safra, já que todas as cultivares devem estar no mercado no final do mês que vem. Na semana anterior ao Natal, o preço melhora em função do aumento da procura pela fruta, mas no final do ano, com a colheita da região da Serra realizada, volta a ter excesso na oferta.

O feriado de Finado foi de muito trabalho para os pequenos produtores da capital do Rio Grande do Sul. Em sítios próximos ao centro de Porto Alegre, a colheita do pêssego mobiliza 35 famílias. O Brasil produz 200 mil toneladas de pêssego por ano.

É uma safra como há muito tempo não se via. No pomar do produtor rural Arduino Marodin, os pessegueiros estão carregados. A família começou a cultivar a fruta quando trocou a Serra pela capital gaúcha, em 1941. O espaço dedicado ao pêssego 70 anos depois é menor, mas os sítios da região ainda conservam 120 hectares.

? Não foi nada ruim este ano, o tempo ajudou. Até porque carregou bastante, tem que derrubar um pouco, senão carregava muito e fica miúdo ? disse o produtor.

As baixas temperaturas do inverno deste ano foram fundamentais para a qualidade da fruta. Os dias frios, com menos de 7°C se prolongaram durante a dormência, quando a planta perde as folhas, condições ideais para o período de florada e desenvolvimento do pêssego.

Um dos detalhes mais importantes da colheita é saber o ponto certo. As frutas de mesa têm que ter um ponto de maturação adequado para chegar ao consumidor e ter açúcar, um equilíbrio de acidez e uma coloração adequada.

Os produtores plantam diferentes cultivares de pêssego. De acordo com o professor de fruticultura temperada e fruticultor, Gilmar Marodin, a variedade de tipos de fruta é importante, pois diversifica a oferta do produtor.

? Isso facilita tanto a comercialização, o aspecto de distribuição da mão de obra e a questão de armazenagem que é fundamental. O pêssego, a nectarina, a ameixa, elas se adequam a períodos de armazenagem de 20 a 30 dias, não muito mais do que isso. Isso proporciona que o produtor tenha uma amplitude de venda e uma estabilidade de oferta e melhora, então, a sua distribuição também de toda a logística da propriedade ? explica o professor.

O ideal é que os pêssegos sejam armazenados em câmaras frias com temperatura de 0° e umidade de 90%. Os cuidados evitam os danos causados por fungos que podem comprometer até 30% da colheita. Os agricultores de Porto Alegre apostam em uma festa, que começa no próximo fim de semana, para vender a maior parte da produção.