Antes da vindima em si, as fases de floração, desenvolvimento das bagas e formação do cacho de uva, do início de outubro ao final de dezembro, deram-se sob um contexto climático favorável. Um volume de chuvas menor do que a média e uma primavera mais fria do que o normal foram “pouco propícios à ocorrência das principais doenças que afetam os vinhedos na região, como a antracnose e o míldio, além de facilitar a efetivação de boas práticas de manejo fitossanitário”, explica o pesquisador na área de agroclimatologia José Eduardo Monteiro, da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves. Tanto a produtividade quanto a qualidade foram beneficiadas com tais condições, acrescenta.
A colheita dos primeiros cachos de variedades de ciclo precoce deu-se sob circunstâncias favoráveis. Cultivares de uva para a produção de espumante como a Chardonnay e a Pinot Noir ou de suco/vinho de mesa, como BRS Violeta e Isabel Precoce, estão entre as que foram colhidas em tal momento, apresentando ótimos índices de maturação e sanidade.
A partir do final de janeiro ? por volta do dia 25 ? a situação mudou, com a ocorrência de chuvas acima da média, o que se manteve na primeira quinzena de fevereiro. Com isto, foram prejudicadas as variedades de uva de ciclo intermediário (como Merlot, Cabernet Franc e Tannat), no momento em colheita, com a diminuição de dois ou três graus brix (de açúcar, um indicativo de qualidade). É que as intermediárias tiveram a fase final de maturação (a mais crítica do ciclo vegetativo da videira, quanto a podridões) afetada pelos índices de chuva acima da média mais recentemente.
Na região da Campanha do Rio Grande do Sul, a vindima tem apresentado frutos de boa qualidade, diz o engenheiro agrônomo Antonio Santin. Ele relata que as primeiras colheitas, no final de janeiro einício de fevereiro, das variedades de ciclo precoce e algumas de meia estação deram-se sob um contexto de estressamento hídrico da videira, por causa da forte estiagem no sul do Estado.
Em Santa Catarina, o relato é de uma vindima com dificuldades, por conta do excesso de chuva, na tradicional região produtora do Alto Vale do Rio do Peixe. Na área já foram colhidas as uvas Niágara Branca e Rosada, e em breve se inicia a safra de Isabel, para a qual a expectativa é de obtenção de maior qualidade.