O trabalho com a terra, primeira alternativa dos pioneiros que encontraram extensas áreas para produzir no Brasil, virou parte essencial da vida das famílias instaladas em comunidades como a de Ivoti, no Rio Grande do Sul. Dos parreirais, espalhados por boa parte das casas, aos campos de flores, onde é possível se perder em cores e aromas, tudo preza pela excelência da produção.
O produtor de uvas Eijiro Kamimura, 66 anos, chegou ao Brasil em 16 de setembro de 1960 e planta uvas desde 1967. Agora, com a safra deste ano encerrada, dedica a atenção à produção de aveia e forragem. Isso até junho, quando começa a preparação para a nova safra de uvas. Do outro lado da colônia, já no município de Dois Irmãos, multiplicam-se as estufas de flores. Praticamente o mesmo terreno abriga as plantas dos produtores Nobuichi Onishi e Hikaru Ban. A cultura é uma das principais fontes de renda na colônia.
Onishi veio ao Brasil aos 19 anos, em 1970, e cultiva flores há mais de três décadas. Saiu de Hiroshima e começou a trabalhar plantando tomates e uvas, com as quais chegou a abastecer uma vinícola. Atualmente, distribui flores de diferentes tipos em floriculturas na região gaúcha do Vale do Sinos.
Pai de quatro filhos, Ban se estabeleceu na colônia no aniversário da migração, em 18 de junho de 1970. Antes de deixar a província de Aichi, na ilha de Honshu, Ban imaginava o Brasil como um país de muitas terras e migrou para tentar uma vida mais farta. Hoje, aos 57 anos, com uma estrutura organizada de cultivo, conservação e transporte das flores, distribui o produto em Porto Alegre.
O presidente da Associação de Assistência Nipo-Brasileira do Sul (Enkyo), Sadao Suzuki, 69 anos, diversificou a produção por meio da plantação de mudas de hortaliças e flores. O negócio, que pertence à família, conta com cerca de 80 mil mudas. A experiência veio do trabalho no Japão, onde cuidava de uma plantação de arroz. Suzuki emigrou aos 21 anos, oriundo de Niigata, na mesma viagem que trouxe Yasue Ozaki ao Brasil. Além da plantação, ele cuida do transporte e da pós-venda, dando assistência aos produtores em relação ao cuidado com as mudas.
Na colônia japonesa de Ivoti é possível também encontrar diversos tipos de frutas. Há ainda quem produza ikebana (arranjos japoneses) e fontes, como a família Sato, que vende os artigos em feiras da região. A lida diária na colônia de Ivoti é uma forma de tradição herdada dos antepassados.