Com alta do frete, SLC Agrícola reduz venda futura da safra

Segundo CEO da companhia, caos logístico reduz competitividade brasileiraO CEO da SLC Agrícola, Aurélio Pavinato, afirmou nesta segunda, dia 8, que a empresa está diminuindo o ritmo de comercialização futura da safra 2013/2014 em consequência dos altos preços do frete estimados pelas tradings.

– Está mais difícil vender por causa da superestimativa dos fretes – disse.

Para ele, no entanto, há uma tendência de reequilíbrio nos preços para transportar os grãos, com adaptação à Lei dos Caminhoneiros e investimentos das empresas transportadoras. A empresa vende toda a produção de milho e soja na fazenda, de acordo com Pavinato. A SLC Agrícola é uma das maiores proprietárias de terras do Brasil e uma das maiores produtoras agrícolas brasileiras em área cultivada de algodão, soja e milho.

O executivo afirmou que os preços atuais de milho e soja, em queda na comparação com o ano passado, correspondem a uma precificação de uma safra cheia nos Estados Unidos e no Brasil, mesmo movimento visto no período anterior, antes da seca diminuir a produção americana. Na avaliação de Pavinato, há espaço para uma boa remuneração da produção de milho no Paraná, mesmo com a safra cheia, por causa da demanda existente das agroindústrias, especialmente em Santa Catarina.

A companhia projeta cultivar 310 mil hectares na safra 2013/2014, ante 280 mil hectares semeados no ciclo 2012/2013. As três culturas (milho, soja e algodão) devem crescer em área plantada, mas a distribuição das culturas ainda não foi definida pela empresa. O crescimento da área cultivada se dá sobre áreas adquiridas e que serão abertas pela SLC neste ciclo, parcerias com produtores e arrendamentos.

Pavinato disse que a empresa segue trabalhando na compra de terras, mas espera acomodação dos preços para fechar novos negócios. A tendência, no longo prazo, é que os preços das terras continuem subindo. No curto prazo, porém, com o recuo e acomodação das cotações da soja, o mesmo movimento deve ocorrer com as terras, de acordo com o executivo.

Algodão
Com média de 50% do faturamento vindo do algodão, a SLC Agrícola afirma que mantêm os investimentos na fibra, com maior facilidade para agregar valor, ainda que o avanço da demanda esteja em linha com o crescimento da população.

– O algodão exige tecnologia, manejo e estratégia comercial – reforça. Mesmo os problemas logísticos têm menor impacto no faturamento com a produção da fibra, na casa de 8%.

Logística
O executivo afirmou também que, com os atuais custos logísticos, o Brasil não tem condições de competir internacionalmente no mercado de milho com Estados Unidos, Argentina e Europa. Ele destacou que hoje o custo de transporte para levar o milho de Mato Grosso até o porto custa entre 50% e 60% do valor do produto. Na soja, esse porcentual está em, no máximo, 30%.

– O preço está mais alto para pagar a conta logística brasileira, e o produtor americano está ganhando mais do que isso – exemplificou.

A rentabilidade da produção brasileira, em compensação, está caindo.

– Hoje (a logística) está gerando uma perda para toda a cadeia. O produtor está ganhando menos, a trading, que já estava comprada, está perdendo, e o consumidor vai pagar mais pelo produto – argumentou.

Pavinato avaliou, ainda, que a maior volatilidade das cotações das commodities agrícolas, com o aumento do cultivo em áreas marginais, de maior risco climático, e o maior volume de negociação dos grãos no mercado financeiro, exige rigoroso controle das despesas.

– O custo de fertilizantes tem oscilação muito grande ao longo do ano. Se você compra no período errado, fixa custo alto – explicou.

O CEO da SLC Agrícola participa nesta segunda, dia 8, de evento do Espírito Santo Investment Bank, em São Paulo, sobre o momento atual e as perspectivas para o agronegócio brasileiro, cujo tema é “Onde estamos e para onde vamos?”.

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