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Com alto potencial para produzir energia limpa, Brasil aumenta importação de gasolina

Painelistas do Global Agribusiness Forum concordam que país vai na contramão da sustentabilidade ao deixar de lado incentivos à cadeia produtiva do biodieselLíderes do setor sucroenergético reuniram-se nesta terça, dia 25, no segundo dia do Global Agribusiness Forum, em São Paulo, para apresentar as vantagens do uso da biomassa como energia limpa no Brasil. A falta de incentivo do governo ao setor de biocombustíveis foi levantada pelos painelistas como um grande entrave para a produção sustentável do país, que vem aumentando a importação de combustíveis fósseis.

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O painel Biomassa: Energia Limpa para o Futuro contou com a presença do presidente da Confederação Geral dos Plantadores de Beterraba da França (CGB), Alain Jeanroy, o diretor da GEO Energética, Alessandro Gardemann, o presidente da ICM, Dave VanderGriend (EUA), o presidente da Aprobio, Erasmo Battistella, e o presidente da Copersucar, Luis Roberto Pogetti.

Alain Jeanroy expôs a situação do biodiesel na União Europeia, que tem como destaque a utilização da beterraba como matéria-prima para a geração de etanol. A UE lidera a produção global de biodiesel, com um terço do total, seguida pelos Estados Unidos, pela Argentina e pelo Brasil. Segundo ele, França e Alemanha, juntas, produzem 50% do biodiesel do bloco. Com relação ao etanol, a produção é de 5 bilhões de litros, o que é considerado pouco na comparação com EUA (50 bilhões de litros) e com o Brasil (25 bilhões de litros).

Jeanroy anunciou que o bloco europeu adotará uma nova diretriz, até o início de 2015, pela qual aumentará em 3 bilhões de litros a produção de etanol a partir da raiz. Desse total, 7% serão de primeira geração.

– A beterraba é a planta mais apropriada para produzir etanol. Seu rendimento de açúcar é muito grande. Obtemos um crescimento alto com cada vez menos fertilizantes e adubos. Ela produz mais etanol por hectare do que o milho, o trigo e a cana. A planta tem uma vantagem muito grande em relação à cana. Uma tonelada contém 18,5% de açúcar. É muito sustentável. A beterraba também precisa de menos água do que a cana – pontuou o presidente da CGB.

A beterraba está sendo selecionada para produção em países como Índia e Egito.

– Além disso, tem o aspecto positivo em relação à emissão de gases de efeito estufa. No plano econômico, é competitiva em relação ao preço de importação do etanol – acrescentou.

Segundo Jeanroy, a polpa ainda pode ser utilizada para etanol de segunda geração, mas os custos ainda são caros.

Já o presidente da ICM, a maior empresa produtora de destilarias de etanol do mundo, responsável por 80% das destilarias instaladas nos Estados Unidos, enfatizou o papel do milho no cenário produtivo.

– Ao invés de jogarmos o milho para o mercado global, mantemos o milho em casa, produzindo e reduzindo o custo dos combustíveis. Hoje, essa mesma oportunidade está aberta para o Brasil.

De acordo com Luis Roberto Pogetti, presidente da Copersucar – que possui 57 empresas filiadas, operações na Ásia e nos Estados Unidos e processa mais de 140 milhões de toneladas de cana por ano no Brasil -, o país tem alto potencial para produzir energia limpa, mas trava na falta de competitividade com a gasolina. A situação, segundo ele, é consequência da carência de políticas públicas destinadas à agroenergia.

– Não podemos esquecer que o etanol é uma criação brasileira, de reconhecimento mundial e de absoluto sucesso. São 40 anos de uma tecnologia que ganha espaço no mundo. O etanol contempla o tripé da sustentabilidade, que é econômico, social e ambiental – defende.

Ele ainda falou sobre o desperdício no campo com a falta de incentivos, que corresponde a 15 mil Megawatts de energia, “o que equivale a três usinas Belo Monte”. Pogetti lembra que o setor conta com 430 unidades produtoras, mais de 70 mil produtores no país e gera 1,2 milhão de empregos.

O executivo também afirma que os preços do etanol estão congelados há sete anos, “em um país com inflação na ordem de 6% ao ano”, e que não há atratividade para novos investimentos no etanol. Nesta segunda, dia 24, a presidente da Unica, Elisabeth Farina, informou que 44 usinas foram fechadas nas últimas cinco safras e que seis já solicitaram recuperação judicial só em 2014.

– Ao invés de estimular a produção local de etanol, o crescimento da importação da gasolina cresce 25%. O abastecimento tem sido transferir 2,5 bilhões de divisas por ano ao exterior. Até 2021, esse numero fica proibitivo de ser dito – assinalou Pogetti.

Segundo ele, falta de planejamento a longo prazo e de políticas públicas para a cadeia produtiva desmotivam o setor. Ele considera a eliminação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para cada litro de gasolina um ponto crucial para a desestabilização do setor.

Assim concordou Erasmo Battistella, da Aprobio. Para ele, a retirada do Cide significou privilegiar os combustíveis fósseis e “não reconhecer os benefícios de uma energia limpa, renovável, que agrega valor, gera mais PIB e menos importação”.

– Difícil entender que a Petrobras importe diesel a quase R$ 2,00 e revenda a R$ 1,50. Se tivéssemos utilizando parte da disponibilidade de matéria-prima e das usinas para fazer biodiesel, diminuiríamos as importações. Se compra gasolina mais cara do que se repassa às distribuidoras – apontou, destacando que plano de governo atual incluía dar apoio à produção de energia renovável.

Em seu pronunciamento, Battistella enfatizou, também, o papel do biodiesel na geração de empregos para a agricultura familiar, que, segundo ele, é responsável por 30% da produção.

– Nos últimos quatro anos, a produtividade desses agricultores para as usinas tem crescido muito. Incentivar o biodiesel é estimular toda a cadeia produtiva, é gerar segurança alimentar.

Da plateia, o ex-presidente da Unica Eduardo Carvalho levantou e disse:

– Se eu fosse um ET, chegasse hoje no Brasil e caísse aqui dentro, não veria nada mais claro e positivo do que o panorama do etanol do Brasil, e voltaria a investir os US$ 50 bilhões que investimos na década passada para aumentar a produção. Razões financeiras e políticas me levam a certeza de que não há nada mais importante do que investir em etanol de cana-de-açúcar no Brasil. Por que essa decisão em não investir?

– O mundo precisa de uma matriz energética mais limpa. Não podemos desperdiçar e desistir dessa causa. O que nos resta é esperar de forma aguerrida que esse destino chegue, e ele vai chegar – respondeu Pogetti.

– Na União Europeia, a indústria petroleira não é favorável aos biocombustíveis. Não há uma solução tão eficaz quando etanol e biodiesel. Temos que nos armar de poder e de convicção para mudar esse mix mundial – finalizou Alain Jeanroy.

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