Com a baixa a rentabilidade, a saída foi reduzir o tamanho da lavoura.
? A área de café já foi bem maior. Antes da geada de 1975, a nossa área era toda de café, mas depois de 75 e com problema de mão-de-obra começou a diminuir ? diz o produtor José Valter Fassula.
A propriedade já teve 240 hectares plantados com café na década de 1970. Atualmente, são apenas vinte hectares. O produtor optou por outras culturas, mais rentáveis. Na plantação de café, ele faz a colheita manual, o que encarece ainda mais a produção. Além disso, tem o problema do preço baixo, que desestimula o produtor.
? O café vem perdendo área devido a preço. Faz mais de 10 anos que está com preço parado. Inclusive, em 1999, eu vendi café a R$ 250 ? conta Fassula.
O produtor reclama com razão. Dados da Secretaria de Agricultura do Paraná (Seab) mostram que o desembolso do cafeicultor na safra 2009/2010 foi de R$ 254 por saca de 60 quilos, sendo que o preço recebido pela saca foi de cerca de R$ 300 no café de boa qualidade. Já em Minas Gerais, Estado que mais colhe café no Brasil, a lucratividade é bem superior: o desembolso fica em torno de R$ 200, e o preço pago ao produtor chega a R$ 400 por saca.
O Paraná já foi um grande produtor de café no cenário brasileiro e também no internacional. Em 1960, o Estado cultivava 1,6 milhão de hectares. Hoje, a área está reduzida a 90 mil hectares plantados com café.
? O produtor não está conseguindo ter renda satisfatória com a atividade cafeeira. Para enfrentar essa situação, muitos produtores têm saída da atividade ou reduzindo, buscando renda para a propriedade. E aqueles que continuam na atividade cafeeira, que gostam ou vêem lucro estão procurando melhorar a gestão do recurso. Então, o café como tem uma característica de sazonalidade, um ano produz mais e em outros menos em alguns talhões, ele tem que conhecer bem os talhões e investir naqueles que tem potencial para ter um retorno da atividade ? explica o economista da Seab, Paulo Franzini.
Neste ano, o Estado do Paraná deve colher 1,7 milhão de sacas de café, uma produção 25% menor do que a da safra passada, devido à bianualidade da produção cafeeira. Para o economista, além de buscar a redução dos custos, com a mecanização da lavoura, o produtor paranaense deve investir no café de qualidade.
? Quando você tem um produto de melhor qualidade, você consegue ter um ágio por esse produto. Hoje, por exemplo, um café de melhor qualidade remunera melhor o produtor e ele ainda tem lucro. Em termos de preço no mercado físico, um café de boa qualidade está custando R$ 350, chegando até a R$ 400 ? afirma Franzini.