Soja

Com demanda chinesa, Argentina deve quadruplicar exportação de soja

Bolsa de Cereais de Buenos Aires estima alta no embarque do grão porque produção da safra anterior foi afetada por forte seca

Foto: Embrapa

As exportações de soja da Argentina devem somar 15,4 milhões de toneladas na temporada 2018/2019, quatro vezes mais do que o embarcado no ciclo passado, que foi afetado por uma seca, e mais que o dobro da última safra sem anomalias climáticas, informou a Bolsa de Cereais de Buenos Aires.

De acordo com o economista-chefe da bolsa, o crescimento deve ser impulsionado por uma forte demanda pela oleaginosa na China, que tem buscado fontes alternativas devido à guerra comercial com os Estados Unidos.

“Se a guerra comercial for mantida, a China vai maximizar (as compras) de origem argentina e brasileira”, disse Augustín Tejeda, analista econômico titular da bolsa.

A China é o maior importador mundial de soja e, até Washington e Pequim darem início à disputa comercial, os EUA eram os maiores fornecedores do seu mercado. Porém, desde o começo das tensões, o fluxo de grãos entre os países praticamente estagnou.

“Agora, se está exportando grão da Argentina (à China). Os navios estão partindo em uma época do ano em que, em um ano normal, eles não saem”, disse Tejeda.

Na quarta-feira, 26, a bolsa estimou a colheita de soja 2018/2019 da Argentina em 53 milhões de toneladas, muito acima dos 35,1 milhões de toneladas colhidos na temporada passada, quando uma grave seca afetou as lavouras. Sob condições climáticas normais, o país produziu 54 milhões de toneladas em 2016/2017.

A previsão das exportações da bolsa supera o cálculo de setembro de 8 milhões de toneladas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para as exportações argentinas no ciclo 2018/2019.

Por outro lado, Tejeda disse que o crescimento das exportações deve limitar a oferta para o esmagamento doméstico, que ele estimou em 36,6 milhões de toneladas da oleaginosa ante 41 milhões de toneladas em 2016/2017.

“Estaríamos em torno de uma participação (global) em (exportação de) óleo e farelo (soja) em torno de 40%, quando a Argentina sempre representou cerca de 47% do comércio internacional desses produtos”, disse.