Com a forte demanda no mercado externo, os produtores comemoram os bons preços, que estão em torno de US$ 0,90 por libra peso.
— As exportações de algodão de fato trouxeram um resultado bastante positivo para balança comercial do Brasil. As exportações cresceram mais de 600% neste primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo trimestre do ano passado. O algodão realmente tem um destaque expressivo entre os produtos que compõem a pauta de exportações do Brasil — afirma a secretária de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana dos Prazeres.
O resultado é consequência de um processo iniciado em 2010, provocado principalmente pelos preços valorizados da pluma que bateram recordes no ano passado. Incentivados, os produtores aumentaram a área de plantio, colhendo mais a cada ano. Em 2010 a safra foi de 1,4 milhão de toneladas. Já em 2011, saltou para 1,8 mil toneladas. A expectativa para 2012 é atingir a marca de dois milhões de toneladas.
— Os estoques mundiais estão crescendo. Por outro lado, em função dos preços altos, a indústria acabou transferindo parte da indústria de algodão para sintético. Então fez com que diminuísse o consumo. Então, nós estamos gerando estoques de passagem altos nos últimos dois anos. O consumo interno, em torno de 800 mil toneladas, faz com que os excedentes tenham que encontrar um destino. Com isso, nossa exportação tem crescido — afirma o vice-presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Marco Antonio Aluisio.
Em 2011 o Brasil exportou quase 500 mil toneladas da pluma. A expectativa é dobrar o número até o fim de 2012, podendo superar tradicionais exportadores como a Austrália. Se a situação para o produtor é boa, não se pode dizer o mesmo da indústria.
— A indústria têxtil, além de ter sofrido com os altos preços do algodão, ela sofre com a concorrência do produto importado. A indústria têxtil que fabrica fio recebe a concorrência dos acabados e o Brasil é um grande importador de produtos acabados. Não conseguimos competir em função do câmbio, custo Brasil, entre outros. O consumo não está crescendo na mesma proporção que a produção — afirma Aluisio.
Para Andrew Macdonald, consultor da Organização Mundial do Comércio (OMC), quem ainda não negociou o algodão não deve perder tempo. Segundo ele, a oferta elevada vai baixar os preços no segundo semestre.
— Com certeza vai baixar, o único porém é a China, que ajudou a manter o mercado durante toda expectativa de aumento, comprando, repondo estoques. Agora eles têm um estoque grande e é pouco provável que continuem comprando — diz Macdonald.