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Com ferrovia por perto, sojicultor ainda é obrigado a usar rodovia

Falta de terminais de transbordo encarecem e atrapalham escoamento da soja do Tocantins até o porto de Itaqui, no Maranhão.

Assim como a maioria dos estados, a safra de soja no Tocantins começou com preocupação por conta do clima. A falta de chuvas, antes da semeadura acabou por atrasar um pouco o inicio da temporada. Passado o susto, as precipitações voltaram e as plantas se desenvolveram muito bem. Com isso, alguns produtores tem expectativa de uma produtividade média de pelo menos 55 sacas por hectare. Mas, se engana quem acha que as dores de cabeça dos produtores acabaram. Afinal, depois da colheita é preciso transportar os grãos até os portos e a logística não tem colaborado para isso.

Quem olha as lavouras do sojicultor Rudimar Borghetti logo percebe que por ali a produção será excelente. E é exatamente assim que o próprio agricultor descreve sua expectativa. A soja desta área foi plantada no dia 20 de dezembro. Está florescendo agora. Se continuar assim vai render no mínimo 55 sacas por hectare. “No começo não foi muito bom, faltou chuva, elas estavam muito abaixo da média. Mas, conseguimos plantar e a chuva veio na hora certa, não faltou mais”, comemora Borghetti.

personagem soja

As terras do Borghetti ficam no município de Alvorada, no sul do Tocantins e o otimismo em relação a produção é generalizado por lá. Mas, não é só de boas notícias que vivem os sojicultores da região. Um tema já vem incomodando os produtores de soja de lá e dos arredores, a falta de uma logística adequada, mesmo estando próximos a famosa Ferrovia Norte-Sul, que até o momento liga os municípios de Açailândia (TO) a Anápolis (GO).

A questão da logística é fundamental, afirma o presidente da Aprosoja Tocantins, Rubem Ritter, porque toca diretamente na rentabilidade do produtor. A reivindicação da entidade, produtores e até tradings, é que o Governo Federal abra logo a licitação do trecho ferroviário, já construído, entre os municípios de Palmas (TO) a Analândia (GO) e a empresa vencedora construa um terminal de transbordo para grãos no município de Alvorada (TO). “Os trilhos estão lá, a ferrovia está pronta. Mas, ainda temos que colocar a soja no caminhão e rodar 340 quilômetros até o terminal de Porto Nacional, que possui uma área de transbordo e de lá segue por trilhos até o porto de Itaqui, no Maranhão”, explica Ritter.

Apesar de o trecho ainda não ter sido licitado a alguma empresa privada, a Valec (empresa estatal responsável pela construção), garante que a ferrovia está em plenas condições operacionais e com licenças em dia, desde 2015. Como a licitação ainda não aconteceu, a própria Valec é a responsável pela liberação de operações que acontecem no segmento. “Considerando que a Valec não possui locomotivas e vagões, mas detém a gestão da circulação dos trens e da manutenção da infraestrutura ferroviária, conforme demanda, disponibiliza a utilização de suas vias aos operadores ferroviários interessados”, afirmou a empresa através de nota.

Em resumo, a ferrovia pode ser usada para transportar grãos, entretanto depende de acordos entre os operadores logísticos, como a VLI (que possui trens na região), e tradings que dão prioridade a operações em locais com terminais, como é o caso de Porto Nacional. “Se não tiver licitação, empresas como a VLI não irão construir um terminal em nossa região. Nem ela, nem outra qualquer. Assim o produtor continua com as mãos atadas”, garante Ritter.

A própria Valec citou que para tentar colaborar com o problema, disponibilizou à iniciativa privada, através de processo de licitação, áreas para a implantação de polos de carga. “A Valec implantou nas proximidades do município de Gurupi (TO) um Pátio Ferroviário Multimodal, já construído e no qual a estatal, através da concorrência nº 009/2015, concedeu a área à empresa Porto Seco Centro-Oeste S.A para instalação de terminais de transbordo, onde será feito o escoamento da produção de soja da região, incluindo o município de Alvorada (TO). O pátio está em fase de elaboração de projeto executivo”, explicou a Valec.

Por sua vez, Ritter comentou que o pátio em Gurupi, que fica a 80 quilômetros de Alvorada, não tem condições de infraestrutura para atender a demanda do setor agrícola. Explicando inclusive, que a montagem de uma estrutura em Alvorada favoreceria o embarque de grãos de outros estados, como o norte de Mato Grosso. “As tradings nos garantiram que este pátio possui muitas limitações operacionais e por esta razão não montam uma estrutura ali. Preferem operar no terminal de Porto Nacional”, comenta o presidente da Aprosoja-TO. “Se é para montar uma estrutura que atenda todos os interesses do setor produtivo e das tradings, que se faça um terminal em Alvorada. Até para atender o pessoal do nordeste de Mato Grosso, como Xavantina e Canarana, que seria bem mais interessante e barato.”

Em um levantamento rápido, realizado pela entidade, o terminal em Alvorada reduziria o custo do transporte para o produtor em até R$ 1,50 por saca para o produtor.

Sebastião Garcia e Daniel Popov

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