Para o consultor de Emissões e Tecnologia da União da indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Alfred Szwarc, a novidade aliviaria sensivelmente a dependência por combustíveis fósseis naquele país, onde o setor de transportes é responsável por um terço da energia consumida.
? Iniciativas como esta são referendadas por experiências como as de Brasil e Suécia, onde já circulam cerca de 800 veículos deste tipo, movidos a etanol. Isso demonstra o papel decisivo desse biocombustível na redução da demanda por petróleo e das emissões de fases de efeito estufa, grandes causadores do aquecimento global ? disse o consultor.
Szwarc explica que em comparação com a gasolina e o diesel, o etanol renovável pode diminuir em 70% a 80% a quantidade de dióxido de carbono (CO2) gerada pela combustão em veículos pesados.
A adoção definitiva do etanol na frota de ônibus tailandesa ainda deverá demorar alguns meses até ser aprovada pelo governo daquele país. O projeto está previsto para a capital, Bancoc, e seguirá o exemplo de mobilidade urbana sustentável já adotado em centros urbanos como São Paulo e Estocolmo. Nessas cidades, o ônibus a etanol tornou-se viável por meio do Projeto Best (Bio Ethanol Sustainable Transport ou Etanol para o Transporte Sustentável), iniciativa lançada em 2007 por empresas nacionais e européias, com participação da UNICA e apoio da União Européia (UE).
Em seis meses, a operação que testou o funcionamento de veículos movidos a combustível renovável na Tailândia consumiu 20 milhões de bahts (moeda tailandesa), o equivalente a cerca de US$ 640 mil. Os ônibus utilizaram uma mistura de 95% de etanol e 5% de um aditivo que permite o funcionamento do motor diesel com o biocombustível. O projeto foi fruto de um acordo entre o governo, a petrolífera estatal Petroleum Authority of Thailand (PTT) e dez empresas do setor privado.
A substituição de diesel por combustível renovável em ônibus não é a única medida aplicada no setor de transporte tailandês cujo foco é a sustentabilidade. Desde 2007 está em vigor a mistura de 10% do etanol (E10) adicionado à gasolina naquele país. Além disso, há um estímulo de 20% de abatimento nos impostos para veículos flex comercializados na Tailândia, onde o biocombustível é fabricado a partir do melaço e da mandioca.
Embora a cana também seja cultivada em larga escala pelos tailandeses – existem 40 usinas em operação no país – a maior parte da produção local é destinada ao açúcar. Dados do governo indicam que até 2022, o consumo diário de etanol será multiplicado por sete, passando dos atuais 1,3 para 9 milhões de litros.