Em meio às eleições presidenciais do ano passado, o cenário era outro. Mendes foi isolado da cúpula da sigla ao defender apoio à candidatura petista enquanto a maioria dos líderes encabeçava a campanha de José Serra (PSDB). Os atuais três colegas de Mendes na Câmara, Osmar Terra, Alceu Moreira e Darcísio Perondi, integravam a tropa de choque do tucano no Rio Grande do Sul, ao lado do então deputado Ibsen Pinheiro, atual presidente estadual do partido.
Em um encontro tenso em 14 de outubro, Mendes foi vaiado e abandonou o microfone em meio às discussões sobre como o partido iria se posicionar no segundo turno. Ironizava que estava apenas pedindo licença para apoiar Michel Temer.
Dez meses depois, o tom é outro. O que se escuta agora dos líderes peemedebistas é de que o episódio eleitoral foi superado e que o isolamento do diretório gaúcho em relação ao PMDB nacional está ultrapassado.
Padilha recupera foro privilegiado
A compensação de Mendes, que comprou briga para ficar ao lado de Dilma, agora lhe rende prestígio na sigla que saiu da eleição de 2010 diminuída pela perda no primeiro turno.
Nessa quinta, dia 18, Mendes ? que foi coordenador da campanha derrotada de José Fogaça para governador do Estado ? passou a ser lembrado como alternativa à escassez de novos líderes.
? Até então, ele não estava na primeira fila. Agora, está na linha de frente, com Pedro Simon, Germano Rigotto e Fogaça. Foi o parlamentar que mais cresceu ? observa um peemedebista também de peso no partido.
Quem dá a ideia para Mendes pensar em concorrer ao Governo do Rio Grande do Sul é Terra:
? Ele tem respaldo nosso.
Outra consequência da escolha de Mendes para a Agricultura, que convém ao vice-presidente Michel Temer e agrada ao partido, é a recondução de Eliseu Padilha à Câmara. Amigo de Temer, Padilha é reconhecido pela sensibilidade com que capta o humor dos congressistas e a habilidade com que amarra negociações nos bastidores.
Na eleição presidencial, Padilha, apesar de ser um aliado histórico do PSDB, ficou neutro. Agora, a aposta é de que ele seja uma ponte dos interesses do governo federal com o PMDB.
Ao assumir a vaga de Mendes na Câmara, Eliseu Padilha (PMDB) irá recuperar o foro privilegiado:
? No dia em que eu tomar posse, o único grau de jurisdição competente para autorizar que eu seja investigado e depois analisar se recebe denúncia ou não é o Supremo ? diz o suplente.
Em fevereiro, Padilha foi indiciado pela Polícia Federal por suposto crime em licitações e formação de quadrilha.
Ibsen Pinheiro afirma que a aproximação com Dilma dependerá da trilha ideológica que a presidente seguir:
? O PMDB gaúcho não quer ser dissidência, nem aderência. Enquanto ela continuar corrigindo rumos de seu governo, terá o nosso apoio.
Mesmo que seja derrubando ministros do PMDB, acrescenta Ibsen.