Localizada na região noroeste do Estado de São Paulo, Colina é um dos principais polos produtores de borracha do país. Em 2014, muitos seringueiros da cidade deixaram de produzir por conta do clima e do baixo preço do produto no mercado. Na fazenda do produtor rural Humberto José Silveira, a falta de chuva reduziu em 40% a produção. Preocupado com a estiagem, o produtor deixou de abrir três novas árvores.
– Se a chuva não vier na próxima semana, infelizmente vai cair mais ainda a produção. A gente sente muito. O sangrador acorda de madrugada, sangra a árvore, mas ela não pinga então está sendo um prejuízo enorme para o setor – afirma Silveira.
Em setembro, o preço médio do coágulo com teor de 53% de borracha foi de R$ 1,65 kg, uma queda de 28% em comparação com o mesmo período do ano anterior. O produtor Diogo Esperante possui quase 19 mil árvores em produção e hoje recebe três vezes menos do que o mês anterior.
A situação dos preços é tão delicada que no início do mês o governo federal divulgou a portaria autorizando os leilões de Prêmio Pago ao Produtor Rural (Pepro). O primeiro leilão com subsidio de R$ 20 milhões deve ocorrer ainda no final desse mês.
– O ideal era a gente ter um mecanismo que conseguisse um preço mais rápido. Nesse momento de crise, o Pepro é importante. Vai minimizar os problemas, lembrando que o Pepro tem limites e não atende grandes e médios produtores, mas irá minimizar o problema de grande parte do setor – comenta o vice-presidente da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha, João Sampaio.
Com os preços em baixa, a atividade se torna menos atrativa e a mão de obra, que representa 80% do custo da produção, tem causado dor de cabeça aos produtores.
– Nós estamos com preço de R$ 1,40, R$ 1,50 e com prazo de até 40 dias para o sangrador receber. Isso atrapalha muito porque o sangrador não tem condições de fazer o próprio sustento dele. O setor hoje está inviável – diz o produtor.
Rodolfo Rodrigo é sangrador há 12 anos e hoje ele ganha 30% menos do que os meses anteriores, uma situação que preocupa o trabalhador.
– Hoje eu acho que compensa mais ficar na cidade do que aqui no seringau porque está bem ruim o preço e a produção é pequena. No caso, tem que sair bem cedo de casa para ver se consegue alguma coisa a mais porque esse calor também não ajuda – avalia Rodrigo.