A produção de mandioca caiu 12% neste ano no Brasil e o preço da raiz já é o maior registrado nos últimos 15 anos, o que gera bons lucros para quem tem produto disponível e prejuízo para a indústria, que vem trabalhando com a capacidade mínima e já pensa em alternativas para aumentar os lucros.
Na fábrica Caio Prado Alimentos, no interior de São Paulo, a produção de farinha diminui há dois meses por falta de mandioca e o proprietário da unidade, Tiago Sanfelice, tenta resolver esse problema. “A gente está trabalhando com metade da nossa capacidade total, que é de 60 toneladas por dia. Hoje trabalhamos com 30 toneladas e já chegamos a operar até com 15 por falta da matéria prima”, lamentou.
A falta de matéria-prima para indústria é uma consequência do mercado de 2015. Quando o preço baixo desestimulou o produtor e houve redução da área cultivada com mandioca no país. Tiago lembra que há dois anos pagava R$ 140 pela tonelada da raiz, mas o preço atual não sai por menos de R$ 500.
Pela média brasil do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a tonelada da mandioca para indústria chegou a R$ 598,78, o maior preço da série, que começou em 2002 e alta de 37% em relação ao mesmo período do ano passado.
“A maior redução de oferta é registrada no estado do Paraná, que foi projetada para ser 28% menor neste ano que no ano passado e chama a atenção por ser o principal estado produtor de fécula, o amido de mandioca e também de farinha. Além disso, o Pará, que é um grande consumidor de mandioca, deve ter uma diminuição de produção bem significativa neste ano”, disse o pesquisador do Cepea Fábio Isaías Felipe.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima a queda na produção no país em torno de 12%, com a colheita projetada em R$ 20 milhões de toneladas. O cenário preocupante deve continuar em 2018.
“Com estes preços elevados e a falta de produto, parte dos produtores já vem colhendo as raízes mais novas, aquelas que estariam disponíveis para o mercado no próximo ano. Com isso, podemos esperar uma oferta reduzida ainda no primeiro semestre de 2018”, disse Fábio.
Para tentar garantir a disponibilidade de matéria-prima, Tiago planeja produzir mandioca para abastecer a fábrica. “A gente tá querendo fazer o nosso próprio plantio em parceria com os produtores, para tentar ter um produto e não deixar faltar para o nosso cliente. Está bem complicado pagar caro e ainda não conseguir tudo para o consumidor”, lamentou.