Brasil deve ampliar a área com soja em 5%, a exemplo do que fizeram os americanos. Com isso, excesso de oferta do grão pode afetar ainda mais o preço
Daniel Popov, de São Paulo
As cotações de soja na Bolsa de Chicago são as piores em cinco anos, afirmou o analista Gil Barabach, durante o 1º Fórum Soja Brasil da temporada 2017/2018, que aconteceu em Ituverava (SP). Isso por conta da expectativa de estoques recordes no Brasil e Estados Unidos e a previsão de uma nova super safra mundial. Para piorar a situação, o dólar em queda tem dificultado a venda da commodity, mas pode ser solução para a compra de insumos.
Durante a sua palestra, Barabach destacou que a comercialização de soja dos produtores de do Brasil na safra 2017/2018 será bem complicada. Para demonstrar isso ele usou como base o ano passado, no qual tanto o Brasil, quanto os Estados Unidos e Argentina registraram suas maiores produções de todos os tempos. “Nesta safra 2017/2018, apesar da queda esperada na produtividade, a área da soja será maior, por conta dos baixos lucros do milho e com isso a produção de Brasil e Estados Unidos, salvo algum problema climático mais sério, pode ficar parecida com o ano passado”, disse ele.
O analista explica, que mesmo que as produções destes países caiam um pouco, os estoques recordes ainda deixarão a oferta maior que a demanda, consequentemente segurando a alta nos preços. “O produtor terá que acertar na comercialização para não ficar com soja na mão, como este ano”, explica ele.
Safra brasileira
Os produtores brasileiros de soja deverão cultivar 35,495 milhões de hectares em 2017/18, a maior área da história, crescendo 5,2% sobre o total semeado no ano passado, de 33,735 milhões. A projeção faz parte do levantamento de intenção de plantio de SAafras & Mercado.
Mesmo com uma possível redução de produtividade, de 3.378 quilos para 3.205 quilos por hectare, a produção nacional deve ficar um pouco abaixo da obtida na safra 2016/2017. A previsão inicial da temporada 2017/2018 é de uma safra de 113,2 milhões de toneladas, 0,2% menor que o recorde de 113,384 milhões obtido neste ano.
Mesmo na região Sul, onde não há o plantio de uma segunda safra no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o milho deverá ceder espaço para a soja. Nestes estados, a baixa remuneração do cereal frente à oleaginosa será o fator determinante para a transferência.
Na região central, que inclui o Centro-Oeste e o Sudeste do país, a soja também volta a avançar sobre parte das áreas semeadas com o cereal na última temporada. Além da melhor remuneração da oleaginosa, a tendência de centralização da semeadura do milho na segunda safra desta região dá força ao movimento.
No Norte/Nordeste, a tendência se repete. A melhora na rentabilidade da oleaginosa aliada à colheita de uma grande safra de recuperação em 2016/17 na região sustenta a intenção de aumento de área destinada à soja nesta nova temporada.