Com vendas adiantadas e dólar em alta, vendedor brasileiro se retrai

Lentidão nos negócios tanto no mercado spot quanto para entrega futura tem sido vista há cerca de duas semanas, desde que o dólar passou a ter fortes altas

Fonte: Camila Domingues

A expectativa de que o dólar aumente a rentabilidade da soja e a boa liquidez das primeiras semanas de julho têm levado produtores a retraírem suas vendas. No balanço feito pela equipe do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, as vendas da safra 2015/2016 (a ser semeada a partir de setembro) estão bem mais adiantadas que o normal. 

Isso explica a lentidão dos negócios tanto no mercado spot quanto para entrega futura, que tem sido vista há cerca de duas semanas, desde que o dólar passou a ter fortes altas.

Pesquisadores do Cepea explicam que a retração dos vendedores ocorre também porque neste momento não há parcelas de custeio da safra a serem pagas – exceto em casos de atraso e/ou renegociação – e muitos têm a expectativa de que os estoques dos compradores, que estão abastecidos, baixem nas próximas semanas/meses. 

Na avaliação de produtores consultados pelo Cepea, nem mesmo a colheita nos Estados Unidos, que deve começar em setembro, representa “temor” de baixa dos preços por aqui. A expectativa, aliás, é de que a redução dos preços em Chicago decorrente da colheita naquele país motive aumento dos prêmios nos portos brasileiros – no balanço, o preço em reais vai depender da taxa de câmbio. 
 
A retração dos sojicultores tem prejudicado algumas indústrias que não fizeram estoques e, agora, têm maior dificuldade em adquirir o grão. A grande massa dos compradores, no entanto, indica estar abastecida. As exportações brasileiras seguem a todo vapor. Os embarques de julho chegaram a 8,4 milhões de toneladas, contra seis milhões em julho de 2014 – dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Números

A safra brasileira de soja 2014/2015 é estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 96,22 milhões de toneladas, recorde que supera em 11,7% a colheita do ano anterior. Para a temporada 2015/2016, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima a produção brasileira em 97 milhões de toneladas e a norte-americana, que começa a ser colhida em um mês, em 105,73 milhões de toneladas.