Comandante de recordes deixa associação nacional de veículos

Jackson Schneider sairá da presidência da associação dos fabricantes de carros no dia 30Prestes a deixar a presidência da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) no dia 30, Jackson Schneider não pode reclamar de monotonia nos seus três anos à frente da entidade. Depois de assumir o cargo em abril de 2007, o executivo liderou o setor em momentos tão distintos quanto os sucessivos recordes de produção e vendas e a tensão provocada pela turbulência financeira internacional.

As emoções não devem ser raras também para o novo presidente da entidade, Cledorvino Belini, presidente da Fiat do Brasil. Caberá a ele comandar a indústria automotiva nacional no ano em que a meta é repetir os recordes, com crescimento de 8%. Para cumprir a meta, o setor deve lidar com obstáculos que exigirão jogo de cintura das companhias, como a alta no preço do aço (que pode representar até 50% do custo de produção) e a perspectiva de alta nos juros. Uma eventual alteração para cima na Selic mexeria diretamente com os financiamentos, principal motor das vendas.

Ao substituir o comandante dos recordes da indústria automotiva, que superou a marca de 3 milhões de veículos vendidos em 2009, Belini tem como principal desafio a chegada, nos próximos anos, a novo patamar histórico ? 5 milhões de unidades.

A duas semanas de passar o bastão, Schneider esteve ontem em Porto Alegre (RS) para fazer uma palestra sobre o setor. Antes do encontro, lembrou que um dos momentos mais turbulentos no cargo foram as negociações com o governo e sindicalistas depois da crise. Com o Planalto, o objetivo era obter incentivos fiscais para recuperar as vendas. Com os trabalhadores, as conversações tentavam um acordo em torno de férias coletivas e da necessidade de cortes de pessoal.

? O que não houve foi monotonia ? recorda Schneider, que será um dos 29 vice-presidentes da entidade.

Apesar de marcantes, as tensões da crise representaram um período de breve turbulência na escalada vivida pelas montadoras no Brasil desde 2007. No embalo do avanço da economia brasileira, da melhoria na renda dos trabalhadores e da maior oferta de crédito, o setor bateu sucessivos recordes de vendas. Um ciclo virtuoso arrematado com a marca de 337 mil veículos em março, o melhor mês de história na indústria.