O cafeicultor Manoel Carlos Gonçalves Júnior, de Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo, cultiva 120 hectares do grão. Neste ano, ele espera colher cerca de três mil sacas. Sua preocupação, no entanto, é em relação ao preço.
– No ano passado, chegamos a atingir R$ 420,00 em uma saca de café. Hoje, estamos em torno de R$ 295,00, o que não cobre o custo de produção – aponta.
A esperança dos produtores é de que o Conselho Monetário Nacional (CNM) faça uma revisão do preço mínimo do café. Com o reajuste, o valor de uma saca de 60 quilos do arábica passaria para R$ 340,00, R$ 78,00 a mais do preço atual.
– Temos o maior volume de mercado do mundo, produzimos mais de 50% do café comercializado no mundo. Não queremos mandar no mercado, mas queremos influenciar – pontua o produtor Gonçalves Júnior.
Conforme o levantamento do Instituto de Pesquisas Agroeconômicas de Safras & Mercado, a comercialização da safra de café até o dia 31 de março chegou a 75%, 11% a menos em relação ao mesmo período de 2012.
Apesar da baixa nas vendas, houve um aumento no consumo dos países emergentes. Para o analista de mercado e presidente da Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite (Sincal), Fernando Barros, o principal responsável pelo recuo das vendas foi a substituição do café arábica pelo robusta.
– Caiu porque os países importadores das torrefações das indústrias foram comprar café robusta a partir do início de 2012, cancelando uma série de compras que tinham feito aqui do Brasil, em torno de três a quatro milhões de sacas. Com isso, houve um esvaziamento do café arábica, que perdeu o mercado – conclui.