– Nós estamos bem servidos em termos de preço e essa incerteza climática nos Estados Unidos só fortalece o mercado de soja – afirmou Moisés Almeida Schmidt, produtor e conselheiro da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).
Ele observou que é provável que haja um aumento na área semeada com a oleaginosa em 2014/2015, mas ressaltou que a decisão de plantio também dependerá do câmbio e da rentabilidade de outras culturas. No ciclo 2013/2014, a Bahia cultivou um total de 2,28 milhão de hectares, dos quais 1,31 milhão de hectares com soja, 308,0 mil hectares com algodão, 265 mil hectares com milho e 397,9 mil hectares com outros produtos, como café e feijão.
Schmidt, que também é representante da Federação de Agricultura do Estado da Bahia na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), vê potencial para dobrar a área agricultável dentro de 10 a 15 anos por meio da abertura de novas terras. Ele alertou, no entanto, que a velocidade de expansão dependerá de avanços em questões ambientais e trabalhistas, bem como de investimentos em infraestrutura para logística e energia elétrica na região.
– Precisamos de agilidade por parte do governo – assinalou o conselheiro da Aiba.
As obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que dará acesso ao porto de Ilhéus, devem ser concluídas apenas em 2016, mas Schmidt lembrou que, como o terminal já movimenta fertilizantes, as instalações terão que ser ampliadas para atender ao fluxo de mercadorias. Além de algodão e soja, a Bahia desde 2012 também exporta milho.
– Nosso potencial de exportação é muito forte e a tendência é aumentar com a Fiol – disse.
Sobre o milho, cuja colheita atinge cerca de 25% da área, o conselheiro da Aiba revelou que as lavouras sofreram com a estiagem em janeiro, mas devem render um volume maior que o da temporada 2012/13. A associação estima uma produtividade média de 145 sacas por hectare neste ano, 11,5% maior que as 130 sacas por hectare do ciclo passado.
– Só não nos consolidamos no mercado de milho por causa da política de subsídios para Mato Grosso (que tem parte de sua produção destinada ao mercado do Nordeste, competindo com o produto baiano) e por não termos uma safrinha como eles – afirmou.
Para o algodão, a perspectiva de produção é mais otimista. Faltando cerca de um mês para os agricultores baianos começarem a retirar a fibra do campo, Schmidt considera a possibilidade de um rendimento recorde em 2013/2014. Ele relatou que os compradores, incluindo importadores e também as fiações nordestinas, já estão pagando prêmios pela alta qualidade da pluma que será colhida na Bahia.
Este cenário favorável deve se refletir nos negócios durante a Bahia Farm Show, que começa no próximo dia 27 em Luis Eduardo Magalhães (BA). A 10ª edição da feira de tecnologia agrícola vai até 31 de maio e a expectativa dos organizadores é de que sejam movimentados cerca de R$ 1 bilhão, um montante 49% maior que os R$ 671 milhões verificados em 2013.