Comercialização da safra de soja 2015/2016 alcança 60%

Confome a consultoria AgRural, o dólar mais fraco ante o real desacelerou as vendas

Fonte: Camila Domingues

As vendas de soja no Brasil avançaram pouco em março, segundo a consultoria AgRural. De acordo com a análise, a comercialização alcança agora 60% do volume total da safra 2015/2016, 5 pontos porcentuais acima do observado no fim de fevereiro. Na comparação com o registrado há um ano, as vendas estão adiantadas, mas em março do ano passado o ritmo de comercialização foi mais acelerado. 

Segundo a consultoria, apesar da alta das cotações na Bolsa de Chicago (CBOT), que voltaram ao patamar de US$ 9/bushel, o dólar mais fraco ante o real desacelerou as vendas.

No Centro-Oeste, 70% da soja está vendida, ante 64% há um mês e 62% há um ano. “Com a queda dos preços e boa parte da safra já vendida, a maioria dos produtores agora espera por uma recuperação dos valores pagos pela saca para voltar ao mercado”, avalia a AgRural, em nota. 

No Sul, as vendas evoluíram apenas 3 pontos porcentuais, chegando a 42%. No ano passado, a comercialização chegava a 40%. Segundo a consultoria, como as vendas na região são feitas em reais, o dólar mais fraco pressionou os preços e esvaziou o mercado. 

No Norte/Nordeste, a comercialização alcança 71% da safra, ante 61% há um ano. Segundo a AgRural, problemas climáticos deixaram o mercado travado e há produtores com dificuldade para cumprir contratos. “Embora nada tenha rodado em março, o volume de soja já negociado passou de 64% em fevereiro para 71% devido à produção menor”, explicou a consultoria. 

No Sudeste, as vendas avançaram 8 pontos porcentuais e alcançam 66% da safra, ante 50% em março de 2015. 
  
Colheita

A colheita avançou 9 pontos porcentuais na última semana, favorecida pelo tempo firme em boa parte do país, e atingiu 76% da área plantada, conforme a AgRural. O índice está praticamente em linha com os 77% do ano passado e à frente dos 73% da média de cinco anos. “No Centro-Sul, o tempo mais seco tem favorecido o fim da colheita sem chegar a prejudicar as áreas mais tardias, já que o solo tem umidade para a soja que ainda está se desenvolvendo. No Matopiba, porém, a falta de chuva segue reduzindo a produtividade”, informou a consultoria. 

No Rio Grande do Sul, após o fim de semana com chuva, o ritmo de colheita voltou a se acelerar. A colheita no estado foi concluída em 30% da área, uma evolução semanal de 20 pontos. Ainda assim, os gaúchos estão longe dos 52% do ano passado. O atraso foi provocado pelo plantio lento devido ao excesso de chuva. Na região de Erechim, a colheita se aproxima da metade e a produtividade tem ficado entre 40 e 60 sacas por hectare. Santa Catarina tem 46% da área colhida, contra 75% há um ano. Em Minas Gerais, as chuvas esparsas durante a semana não atrapalharam a colheita, que chegou a 76%, ante 56% um ano atrás. 

Em Mato Grosso, a semana de tempo firme ajudou os produtores que ainda estão com as máquinas em campo e elevou a proporção de área colhida para 96%, conforme a consultoria. Em Campo Novo do Parecis, a média da soja plantada mais tarde ficou em 45 sacas por hectare, contra 55 sacas/ha da precoce. Em Mato Grosso do Sul, 99% da área foi colhida. Na região de Chapadão do Sul, as chuvas não reduziram a qualidade do grão e alguns talhões de soja tardia estão rendendo até 58 sacas/hectare. Em Goiás, 92% da colheita foi concluída, contra 86% há um ano. 

No Paraná, o porcentual de área colhida atingiu 94%, ante 90% em igual período do ano passado, de acordo com a AgRural. Os trabalhos já foram finalizados no oeste e no norte. Em Ponta Grossa, a produtividade está variando de 50 a 58 sacas por hectare.

A região do Matopiba continuou quente e seca em março, segundo a consultoria. Com os problemas climáticos, a soja adiantou o ciclo, e a colheita, que deveria estar atrasada devido ao plantio tardio, está à frente do ano passado. Na Bahia, 45% da safra está colhida, contra 25% um ano atrás. Alguns talhões estão rendendo de 20 a 25 sacas por hectare. No Tocantins, 65% da safra foi colhida, contra 60% há um ano. No Piauí, o índice chega a 25%, 10 pontos porcentuais à frente de igual período de 2015. No Maranhão, a colheita atingiu 40% da área. Na região de Balsas, mais afetada pela seca, alguns produtores estão colhendo menos de 20 sacas/hectares.